Era manhã de domingo quando a polícia recebeu um chamado para uma ocorrência de homicídio em uma chácara no bairro de Guaxuma. No local, uma família inteira foi achada morta, a golpes de facão, e apenas uma criança, encolhida perto dos corpos dos irmãos, sobrevivera ao golpe recebido na cabeça.
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O crime, conhecido como Chacina de Guaxuma, ocorreu no dia 8 de novembro de 2015, há exatamente um ano, e deixou policiais, delegados, secretário de Segurança Pública, imprensa e sociedade chocados.
O homem acusado de matar pai, mãe, dois filhos pequenos e tentar matar o terceiro filho do casal, que segundo a investigação policial queria roubar dinheiro da família, foi identificado e preso no final de novembro do ano passado.
No próximo mês, Daniel Galdino Dias, de 31 anos, enfrenta sua primeira audiência judicial, onde estarão presentes testemunhas de defesa e acusação. A sessão está marcada para 5 de dezembro e pode definir se o acusado vai ou não a julgamento.
Para o promotor de Justiça Antônio Malta Marques, não há dúvidas quanto à autoria do crime. Ele aponta como provas os indícios encontrados na investigação e o depoimento da criança sobrevivente. “A criança o reconheceu. Isso nos traz a certeza. Além de outros fatores identificados na investigação: ele estava lá no local; ele esteve momentos antes do crime; na hora em que foi achado um sobrevivente, ele sumiu”, relata.
Ainda de acordo com Malta Marques, Daniel matou primeiro o homem, Evaldo dos Santos, e em um segundo momento matou a mulher, Jailza Oliveira Paz, e por último os filhos Guilherme, de 2 anos, e Maria Eduarda, de 9 anos, além de ter tentado matar o menino de cinco anos.
O intervalo de tempo do primeiro para os últimos crimes não foi precisado na investigação, mas a polícia concluiu que não foram praticados em sequência, por isso Daniel teria conseguido fazer tudo sozinho.
“A vítima saiu do sítio, na companhia do denunciando, para realizar um determinado trabalho. Durante o trajeto, o acusado, sem motivo aparente, surpreendeu o caseiro com golpes de instrumento corto-contundente. As facadas atingiram quase todo o corpo do Evaldo. Por último, o agressor ainda amputou a mão esquerda dele e a jogou na vegetação. Em seguida, o denunciante retornou à residência das vítimas, arrancou a senhora Jenilza de dentro de casa, amarrou-a com uma corda elástica numa das bases de concreto de um galpão em construção e também a esfaqueou, até provocar a sua morte”, detalhou Antônio Malta Marques, na denúncia feita à 9º Vara Criminal, em março deste ano.
“Naquela ocasião, as crianças Guilherme, Maria e o menino sobrevivente, filhos do casal, que estavam acompanhando toda aquela carnificina, após ouvirem os clamores da mãe, fugiram do local, escondendo-se num matagal. Todavia, o choro do pequeno Guilherme, de apenas dois anos, denunciou o paradeiro dos menores, que foram covardemente atacados com o objetivo de não deixar testemunhas daquela barbárie”, revela o promotor, em outro trecho da denúncia.
A autoria do crime chegou a ser questionada pela irmã do acusado, Marilda Dias, que defende o irmão e afirma que o único crime cometido por Daniel foi um furto, há cerca de 10 anos. “Meu irmão é trabalhador, inocente. Ele errou, todo mundo erra”, declarou ao TNH1, no início do ano.
O promotor, porém, descarta a hipótese de inocência. “Em quem acreditar: nele ou na criança que o reconheceu?”, alega.
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