Os dois chefes de gabinete da primeira-ministra britânica Theresa May anunciaram neste sábado suas demissões após o revés eleitoral dos conservadores, que nas eleições de quinta-feira perderam sua maioria absoluta no Parlamento, a poucos dias do início das negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit.
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“Assumo minha responsabilidade por meu papel nessa campanha eleitoral, que era de supervisionar o programa”, escreveu um deles, Nick Timothy, em uma carta publicada no site ConservativeHome.
A outra conselheira principal de May, Fiona Hill também pediu demissão, afirmou pouco depois um porta-voz do Partido Conservador.
A posição de ambos, responsáveis pela campanha dos conservadores – classificada de “catastrófica” por vários deputados do partido –, tornou-se insustentável.
Segundo a imprensa britânica, peso-pesados do partido exigiram a demissão dos dois conselheiros à premiê se ela quisesse evitar uma rebelião aberta. Fiona Hill e Nick Timothy já haviam sido conselheiros de May quando ela era ministra do Interior, entre 2010 e 2016.
Apesar das pressões que May recebeu para renunciar, a primeira-ministra reiterou neste sábado que não tem intenção de ceder e trabalha para forjar um acordo com o norte-irlandês Partido Unionista Democrático (DUP) que lhe permitiria seguir no comando do Executivo, mesmo com uma minoria no Parlamento.
Nas eleições de quinta-feira, os conservadores somaram 318 deputados, 8 a menos da maioria absoluta na Câmara dos Comuns, onde precisarão do apoio de políticos de outros partidos a partir de agora para desenvolver suas propostas. O DUP obteve dez cadeiras nas eleições.
Uma pesquisa do site ConservativeHome revelou neste sábado que 59,5% dos integrantes do Partido Conservador do Reino Unido que responderam a sondagem acreditam que a primeira-ministra deveria renunciar depois que a legenda perdeu a maioria absoluta nas eleições, que ela antecipou acreditando que se sairia vitoriosa e obteria mais força no Parlamento para negociar o Brexit.
O levantamento recebeu 1.503 respostas por parte de filiados do partido, dos quais 36,6% acreditam que May deve continuar no cargo, enquanto 3,9% disseram não ter uma opinião formada a respeito.
O site, dirigido pelo ex-deputado conservador Paul Goodman, é um ponto de encontro habitual de integrantes e simpatizantes do Partido Conservador, no qual escrevem de forma regular alguns dos principais nomes da legenda.
O ex-ministro conservador para a Irlanda do Norte, Owen Paterson, alertou em uma entrevista à BBC que iniciar um processo para escolher um novo líder levaria os conservadores ao “caos” em um momento político complexo, quando estão a ponto de começar as negociações sobre o Brexit.
“Faltam nove dias para que comece o diálogo sobre o Brexit e sofremos dois horríveis incidentes de segurança recentemente. Colocar agora o Partido Conservador em um novo processo de primárias seria muito pouco inteligente”, disse Paterson.
Horas depois da divulgação do resultado eleitoral, May confirmou no cargo os cinco principais ministros do seu gabinete, que controlam as pastas de Economia, Interior, Relações Exteriores, Defesa e Brexit.
Na sexta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu uma rápida negociação do Brexit para concretizar a saída do Reino Unido, após May perder a maioria parlamentar nas eleições britânicas. “Estamos prontos para as negociações. Queremos que sejam rápidas, que se respeite o calendário”, disse Merkel em entrevista coletiva no México, onde realiza visita oficial.
A chanceler afirmou que os europeus estão prontos para as negociações, já definiram sua base de atuação e não há nenhum motivo para não se cumprir com o previsto.
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