Cientistas descobrem ‘gatilho’ para caos genético que torna o câncer mais agressivo

Publicado em 15/12/2025, às 14h24
Foto: Ilustrativa/Freepik
Foto: Ilustrativa/Freepik

Por G1

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego identificaram a enzima N4BP2 como responsável pela cromotripsia, um fenômeno que causa quebras massivas em cromossomos, resultando em tumores mais agressivos e resistentes a tratamentos.

Cerca de 25% dos cânceres humanos apresentam sinais de cromotripsia, que confere uma vantagem evolutiva aos tumores, permitindo que as células cancerígenas se adaptem rapidamente a terapias.

Os cientistas demonstraram que a remoção da N4BP2 de células cancerígenas reduz a fragmentação do DNA, enquanto sua introdução em células saudáveis provoca quebras, confirmando seu papel crucial nesse processo.

Resumo gerado por IA

Durante anos, cientistas souberam que alguns tipos de câncer não seguem o “ritmo esperado” de evolução. Em vez de acumular mutações lentamente, como acontece na maioria dos tumores, eles parecem dar saltos bruscos — mudam rápido, se adaptam e escapam dos tratamentos.

Agora, um estudo liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego ajuda a explicar por quê.


A pesquisa identificou a enzima responsável por iniciar a cromotripsia, um fenômeno em que um cromossomo inteiro se quebra em dezenas — às vezes centenas — de pedaços e é remontado de forma desordenada dentro da célula.


O resultado é um verdadeiro caos genético, que favorece o crescimento do câncer e sua resistência às terapias.

O que é cromotripsia e por que ela assusta os cientistas

Em condições normais, alterações no DNA acontecem aos poucos. Já na cromotripsia, tudo ocorre de uma vez só, como se um livro fosse rasgado em dezenas de páginas e depois reencadernado fora de ordem.


Esse tipo de evento é considerado raro em células saudáveis, mas surpreendentemente comum em tumores. Estimativas indicam que cerca de um em cada quatro cânceres humanos apresenta sinais de cromotripsia. Em alguns tipos, como o osteossarcoma (um câncer ósseo agressivo), ela está presente em praticamente todos os casos.


Esse processo dá ao tumor uma vantagem evolutiva: com tantas alterações genéticas de uma só vez, as células cancerígenas podem encontrar rapidamente caminhos para driblar medicamentos e continuar se multiplicando.

O mistério: quem ‘quebra’ o cromossomo?

Apesar de a cromotripsia ter sido descrita há mais de dez anos, os cientistas ainda não entendiam como esse processo começava. Sabia-se apenas que ele estava ligado a falhas na divisão celular — o momento em que uma célula se divide em duas.


Em uma divisão normal, os cromossomos ficam organizados dentro do núcleo da célula, protegidos por uma espécie de “capa”. Mas, quando ocorre um erro, um cromossomo pode ficar isolado do resto e acabar preso dentro de uma estrutura menor e muito mais frágil, chamada micronúcleo.


Esse micronúcleo funciona como uma bolha mal protegida. Se ele se rompe, o cromossomo que está ali dentro fica exposto, sem defesa, como um fio elétrico desencapado.


O que ninguém sabia até agora era o passo seguinte: quem ou o quê aproveita essa exposição para começar a quebrar o DNA em pedaços.


A grande pergunta era justamente essa: qual enzima consegue entrar nesse micronúcleo e dar início à destruição do cromossomo?

A resposta: uma enzima chamada N4BP2

Para encontrar essa resposta, os pesquisadores analisaram todas as nucleases humanas conhecidas (enzimas capazes de cortar DNA) observando, em tempo real, o que acontecia dentro de células cancerígenas.

O resultado foi claro: apenas uma delas, chamada N4BP2, conseguiu entrar nos micronúcleos e provocar danos extensos ao DNA.


Quando os cientistas retiraram essa enzima de células de câncer cerebral, a fragmentação cromossômica despencou. Quando fizeram o oposto — forçaram a presença da N4BP2 no núcleo de células saudáveis —, cromossomos intactos começaram a se quebrar.
Em outras palavras, a enzima não apenas estava associada ao fenômeno: ela era suficiente para causá-lo.

O mistério: quem ‘quebra’ o cromossomo?

Apesar de a cromotripsia ter sido descrita há mais de dez anos, os cientistas ainda não entendiam como esse processo começava. Sabia-se apenas que ele estava ligado a falhas na divisão celular — o momento em que uma célula se divide em duas.


Em uma divisão normal, os cromossomos ficam organizados dentro do núcleo da célula, protegidos por uma espécie de “capa”. Mas, quando ocorre um erro, um cromossomo pode ficar isolado do resto e acabar preso dentro de uma estrutura menor e muito mais frágil, chamada micronúcleo.


Esse micronúcleo funciona como uma bolha mal protegida. Se ele se rompe, o cromossomo que está ali dentro fica exposto, sem defesa, como um fio elétrico desencapado.


O que ninguém sabia até agora era o passo seguinte: quem ou o quê aproveita essa exposição para começar a quebrar o DNA em pedaços.


A grande pergunta era justamente essa: qual enzima consegue entrar nesse micronúcleo e dar início à destruição do cromossomo?

A resposta: uma enzima chamada N4BP2

Para encontrar essa resposta, os pesquisadores analisaram todas as nucleases humanas conhecidas (enzimas capazes de cortar DNA) observando, em tempo real, o que acontecia dentro de células cancerígenas.

O resultado foi claro: apenas uma delas, chamada N4BP2, conseguiu entrar nos micronúcleos e provocar danos extensos ao DNA.


Quando os cientistas retiraram essa enzima de células de câncer cerebral, a fragmentação cromossômica despencou. Quando fizeram o oposto — forçaram a presença da N4BP2 no núcleo de células saudáveis —, cromossomos intactos começaram a se quebrar.
Em outras palavras, a enzima não apenas estava associada ao fenômeno: ela era suficiente para causá-lo.

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