Cientistas identificam novo subgênero do coronavírus em morcegos brasileiros

Publicado em 17/12/2025, às 21h05
Foto: Reprodução/Fiocruz Pernambuco
Foto: Reprodução/Fiocruz Pernambuco

Por O Tempo

Pesquisadores brasileiros e alemães identificaram um novo subgênero de betacoronavírus, chamado ambecovírus, em morcegos do Nordeste, revelando a diversidade viral ainda desconhecida na região neotropical e destacando a importância de estudos sistemáticos sobre viromas.

Das amostras analisadas, 19 morcegos testaram positivo para o novo vírus, e a pesquisa utilizou técnicas avançadas de metatranscriptômica para caracterizar os genomas virais, incluindo aqueles ainda não identificados pela ciência.

Os pesquisadores enfatizam que nem todos os vírus encontrados em animais são patogênicos para humanos, e a próxima etapa envolve testar o potencial de transmissão entre espécies, um aspecto crucial reforçado pela pandemia de Covid-19.

Resumo gerado por IA

Pesquisadores brasileiros e alemães identificaram um novo subgênero de betacoronavírus - o mesmo gênero ao qual pertencem os vírus Sars-CoV-2 (causador da Covid-19) e Mers coronavírus. Pela primeira vez, foi possível obter dois genomas completos, além de alguns genomas parciais. O novo grupo foi nomeado ambecovírus (American betacoronavirus). A novidade foi publicada em um artigo na revista Virus Evolution.

As análises foram feitas em morcegos do Nordeste. Entre os animais analisados, 19 testaram positivo para o ambecovírus. “A descoberta não é motivo para pânico. Ela mostra que a diversidade viral em hospedeiros da região neotropical do planeta, desde o México até o norte da Argentina, permanece em grande parte desconhecida. Isso aponta para a necessidade de uma abordagem sistemática para exploração e análise do viroma dos morcegos”, explica o pesquisador Gabriel Wallau, da Fiocruz Pernambuco

Wallau liderou o estudo ao lado de profissionais dos departamentos de Virologia, Entomologia e do Núcleo de Bioinformática, e especialistas em morcegos do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco. Todos em colaboração com o Bernhard Nocht Institute for Tropical Medicine, da Alemanha.

As amostras foram analisadas por técnicas de metatranscriptômica, que permite a caracterização dos genomas virais. Esse método de ponta, associado a análises de bioinformática avançada, tem a capacidade de caracterizar todos os vírus que estão presentes em uma amostra, até aqueles ainda desconhecidos pelos cientistas.

Conforme Wallau, nem todos os vírus encontrados em animais causam doenças em humanos. “Um passo fundamental é analisar o potencial de transmissão entre animais e humanos, e isso é feito seguindo testes in vitro. A pandemia de Covid-19 reforçou a necessidade do tipo de estudo que fizemos”, conclui.

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