Para quem pesa mais de 120 quilos, tem problemas de saúde e já tentou de tudo para emagrecer, a cirurgia bariátrica se tornou um das opções mais eficientes, mas não definitivas, para o problema. Em Alagoas, segundo o cirurgião Antônio de Pádua, 10% dos operados voltam a ganhar peso.
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Já os pacientes com algumas doenças crônicas encontram na cirurgia metabólica uma mudança de vida. O procedimento é quase o mesmo da bariátrica – algumas perfurações no abdômen, cortes internos precisos e quilos a menos -, mas o diferencial está no objetivo: controlar o diabetes tipo 2, que atinge a população adulta.
Segundo o cirurgião Antônio de Pádua, diferente da cirurgia bariátrica, indicada quando o indivíduo tem problemas secundários relacionados ao ganho de peso como doenças de coluna e articulares, refluxo gastro esofageano e incontinência urinária dentre outros, a metabólica é aplicada para a melhora dos componentes da síndrome metabólica – pressão, glicemia e colesterol – independente do Índice de Massa Corpórea (IMC) do paciente.
“Os procedimentos são iguais, mas o que se busca são resultados diferentes. A cirurgia metabólica não tem a perda de peso como objetivo. O paciente com diabetes tipo 2, dependendo dos seus hormônios, deixa o hospital sem tomar remédios. Sai, em média, com 86% de remissão da doença, ou seja, com os sintomas atenuados”, disse o cirurgião.
Com mais de 5 mil cirurgias no currículo em seus 49 anos de prática médica, Antônio de Pádua é um dos especialistas que realizam os dois tipos de cirurgia, a metabólica e a bariátrica, em Alagoas.
“No mundo, somos uma população de 6,5 bilhões de habitantes. Destes, 400 milhões são diabéticos. No Brasil, temos quase 13 milhões de pacientes diagnosticados. Em Alagoas, são registradas quase 300 mil pessoas com a doença. E Maceió está na frente, seguida de Arapiraca e Coruripe. Para se ter uma ideia, nosso estado é o campeão brasileiro em número de mortes por diabetes. Temos mais mortes proporcionalmente aqui do que em São Paulo. Lá, morrem 26 pacientes a cada 100 mil. Aqui, neste comparativo, o número sobe para 56”, explicou.
Mundialmente, o diabetes tipo 2, mesmo com as drogas mais modernas, é de difícil controle. Enquanto o IMC, atualmente, representa um parâmetro significativo na indicação da cirurgia bariátrica, existem evidências de que o IMC sozinho não deve ser fator limitante para eventualmente indicar o tratamento cirúrgico para diabetes tipo 2.
O procedimento, apesar de ainda estar em fase de oficialização pelo Conselho Federal de Medicina, já pode ser realizado. “Acredito que até o final deste ano, com os esforços das sociedades médicas, essa cirurgia seja permitida em larga escala pelos benefícios que traz para os pacientes”, disse Pádua.
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