A Fifpro, o sindicato global dos jogadores de futebol, fez nesta sexta-feira (25) duras críticas à Fifa (Federação Internacional de Futebol) pela forma como a entidade tem administrado a modalidade nos últimos anos.
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O sindicato citou a realização da Copa do Mundo de Clubes, nos Estados Unidos, para expressar "sua crescente preocupação com a forma como a Fifa está atualmente gerenciando o futebol global".
A Fifa respondeu de volta com críticas à liderança da Fifpro, pedindo mais diálogo entre as partes em busca de soluções.
Em comunicado publicado após reunião em Amsterdã nesta sexta -que contou com a participação de 58 sindicatos de jogadores de todo o mundo-, o Fifpro disse que os jogadores têm sido prejudicados por políticas comerciais impostas pelo "sistema autocrático de governança" da entidade que governa o futebol mundialmente.
O sindicato apontou que "o calendário de jogos sobrecarregado, a falta de períodos adequados de recuperação física e mental, condições extremas de jogo, a ausência de diálogo significativo e o contínuo desrespeito pelos direitos sociais dos jogadores infelizmente se tornaram pilares do modelo de negócios da Fifa."
Conforme o sindicato, "este é um modelo que coloca em risco a saúde dos jogadores e marginaliza aqueles que são o coração do jogo".
Segundo a Fifpro, a Copa do Mundo de Clubes foi realizada "em condições extremas e inadequadas para qualquer ser humano, demonstrando uma preocupante insensibilidade aos direitos humanos, mesmo quando se trata de atletas de elite."
A competição foi marcada por partidas realizadas sob forte calor, com medidas como a pausa para esfriamento no meio dos jogos para hidratação dos jogadores.
O presidente do Fifpro, Sergio Marchi, já havia disparado recentemente uma série de críticas à Fifa por causa da Copa de Clubes, por expor os jogadores de clubes europeus a uma sobrecarga de partidas em um período em que estariam de férias.
O que foi apresentado como um festival global de futebol não passou de uma ficção encenada pela Fifa, impulsionada por seu presidente, sem diálogo, sem sensibilidade e sem respeito por aqueles que sustentam o jogo com seu esforço diário. Uma encenação grandiloquente que inevitavelmente lembra o 'pão e circo' da Roma de Nero", afirmou Marchi.
Continuaremos a denunciar abusos e exigir condições justas, dignas e sustentáveis para todos os jogadores. O futebol precisa de liderança responsável, não de imperadores. Precisa de menos monólogos autocráticos e mais diálogo genuíno, inclusivo e transparente", assinalou o sindicato.
A Fifa, por sua vez, também por meio de nota, disse estar "extremamente decepcionada com o tom cada vez mais divisivo e contraditório adotado pela liderança da Fifpro".
Conforme a entidade, a abordagem mostra que, "em vez de se engajar em um diálogo construtivo, a Fifpro optou por seguir um caminho de confronto público impulsionado por batalhas artificiais de relações públicas".
De acordo com a organização, é uma opção que não busca proteger o bem-estar dos jogadores profissionais, "mas visam preservar as próprias posições e interesses pessoais" dos líderes do sindicato.
A Fifa disse ainda que se reuniu no último dia 12 de julho com sindicatos de jogadores em Nova York para debater melhorias aos atletas, mas que a Fifpro se negou a participar do encontro.
Entre os pontos debatidos, foram citados pela entidade descanso mínimo obrigatório de 72 horas entre partidas; período obrigatório de férias de pelo menos 21 dias ao final de cada temporada; e disposições para que, em discussões futuras sobre o calendário internacional, as viagens dos jogadores e as condições climáticas sob as quais as partidas são disputadas sejam consideradas na definição de políticas.
Segundo a Fifa, a Fifpro respondeu à reunião com "uma série de ataques pessoais e desrespeitosos."
A entidade afirmou que a manifestação do sindicato "sugere que sua liderança não se importa realmente com os jogadores, mas sim com lutas políticas internas e sua imagem."
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