por Pedro Acioli*
Publicado em 18/08/2025, às 07h35
Após a confusão envolvendo policiais militares e torcedores no fim da partida entre CSA e Ituano, na noite do último sábado (16), a diretoria do clube alagoano protocolou um ofício ao Governo de Alagoas, direcionado para a Secretaria de Segurança Pública (SSP), com a solicitação da responsabilização de quem "contribuiu aos episódios de violência" e da "adoção de medidas preventivas". O documento foi divulgado na noite desse domingo (17).
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O entendimento dos dirigentes azulinos foi de que a Polícia Militar utilizou de meios classificados como desproporcionais para conter protestos da torcida contra a arbitragem.
“Conforme amplamente registrado em vídeos, matérias jornalísticas e testemunhos, após protesto da torcida contra arbitragem, a Polícia utilizou de forma desproporcional meios de coerção, como agressões físicas, bombas de efeito moral e disparos de elastômeros”.
O CSA requereu a apuração rigorosa do ocorrido, com abertura de um procedimento administrativo para verificar eventuais abusos cometidos por agentes de segurança. Da mesma forma, a divulgação das informações oficiais da operação policial realizada no estádio.
O time alagoano também pediu a adoção de medidas preventivas que sejam planejadas junto ao clube, a Federação Alagoana de Futebol e outros órgãos competentes, para que situações semelhantes não ocorram. Além da responsabilização dos agentes, seja por ação ou omissão, e reparação aos torcedores atingidos.
Torcedores agredidos
Junto ao documento, a diretoria anexou diversos relatos de torcedores que foram agredidos. Em um dos casos, o clube destacou um pai que ficou ensanguentado após ser atingido na cabeça. O filho de 5 anos ficou em estado de choque. Ambos foram levados ao vestiário pelo médico do CSA e encaminhados para uma unidade de saúde.
“Tal registro simboliza a gravidade da ocorrência e o impacto humano do episódio, que ultrapassa a esfera esportiva e revela sérias violações a direitos fundamentais”, acrescentou o clube.

Outro destaque foi o relato nas redes sociais de uma torcedora que foi atingida por um disparo de bala de borracha na perna. Segundo a vítima, começou uma correria no momento em que as bombas de efeito moral foram lançadas na arquibancada e ela foi atingida pelo tiro.

O que diz a PM
Em nota, a Polícia Militar alegou que as medidas foram tomadas depois de objetos serem arremessados contra os militares, com o intuito de preservar a integridade física dos policiais e de possíveis famílias presentes. Confira a nota:
A Polícia Militar de Alagoas (PM-AL) vem a público manifestar-se a respeito do ocorrido na noite deste sábado (16), no Estádio Rei Pelé, durante a partida entre CSA e Ituano, válida pela Série C do Campeonato Brasileiro.
Ao final da partida, a PM registrou casos de confusão generalizada dentro e fora da praça esportiva. Durante a intervenção, diversos objetos contundentes foram arremessados na direção do campo, do árbitro e também contra os policiais. Em um dos casos, durante procedimento de desocupação da arquibancada, um homem de 29 anos foi preso por desacato. Ele resistiu à ação da PM e também estava entre os que arremessaram objetos. Foi necessária a intervenção do Pelotão de Choque.
Imagens do circuito de videomonitoramento do estádio mostram claramente aglomerados de torcedores atacando as patrulhas, incitando a violência, arremessando objetos, desferindo socos e pontapés contra os agentes de segurança pública e causando confusão por onde passavam.
Para preservar a integridade física dos militares e das famílias que estavam no local, foi necessário empregar o uso da força, incluindo a utilização de instrumentos de menor potencial ofensivo, como disparos de elastômero, para dispersar os envolvidos e neutralizar o ataque. Os militares feridos receberam atendimento médico no local.
A Corporação lamenta as cenas vistas no estádio e salienta que a paixão pelo futebol deve ser praticada de forma salutar e pacífica. A instituição também entende que a ação criminosa praticada por um grupo de torcedores não representa a totalidade dos alagoanos que torcem por seus times do coração. Do mesmo modo, a Polícia Militar enfatiza que a ação policial deve ser a de realizar a segurança ostensiva e a promoção da paz, empregando a força quando necessário, dentro da proporcionalidade e da legalidade.
As imagens do videomonitoramento serão utilizadas para identificar os agressores e causadores do tumulto. Quanto aos possíveis excessos, serão abertos os procedimentos administrativos disciplinares cabíveis para rigorosa apuração dos fatos. As partes envolvidas serão ouvidas, tendo assegurado o direito constitucional ao contraditório e ampla defesa.
*Estagiário sob supervisão
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