O suboficial da Marinha Fábio Rafael de Lima Costa, de 41 anos, que foi morto após ser baleado por assaltantes na noite de terça-feira, havia trocado o Rio por São Pedro da Aldeia, em busca de tranquilidade e segurança, lembra Rodrigo Soares, de 38 anos, cunhado do militar. A família está no Instituto Médico-Legal (IML) onde aguarda a chegada do corpo que ainda está no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, para onde o militar foi levado após ser atingido por ao menos três tiros quando estava próximo à entrada do Túnel Rebouças, no sentido Zona Sul.
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— Da mesma forma que foi ele, poderia ser eu. É o tipo de coisa que a gente só sabe a dor quando está passando. A gente não sabe o que falar para uma mãe que perdeu um filho. Eu, particularmente, não sei o que dizer para minha esposa que perdeu um irmão que, pela diferença de idade era como se fosse um pai para ela, que não tinha pai. Eu não sei o que falar para o filho dele de 14 anos, eu não sei o que falar para o filho dele de 4 anos, que fez aniversário sábado passado — disse Rodrigo.
O suboficial estava na Marinha há 18 anos, segundo o cunhado. Ele ingressou ainda adolescente, aos 17 anos, na Escola Naval. Fábio ficava no Rio de segunda a sexta-feira, por conta do trabalho no quartel na Praça Mauá, e nos fins de semana ia para São Pedro de Aldeia. Rodrigo contou que o cunhado gostava de praticar vôlei de praia e planejava participar de uma competição no próximo fim de semana no município na Região dos Lagos.
Fábio Rafael nasceu e cresceu em Anchieta. Ele era casado e deixa dois filhos. Rodrigo contou que chegou a dizer para o cunhado que o invejava por morar numa cidade mais tranquila e distante da violência dos grandes centros. Disse ainda que o alertava para tomar cuidado porque sua moto podia chamar a atenção de bandidos. Para ele, quando acontece um crime como esse com alguém próximo, o sentimento é de impotência.
— A gente tem ciência que, infelizmente, vai ser uma nova estatística. A gente torce, até pela divulgação do trabalho da imprensa, que a gente consiga informações e que as forças policiais cheguem aos responsáveis para puni-los. A gente sabe que nada vai trazê-lo de volta, mas a gente fica um pouco em paz.
Angelo Santos de Lima, que é primo do militar, o descreveu como pessoa tranquila, família e um super pai:
— Qualquer lugar do Rio de Janeiro está assim. Infelizmente está acontecendo esse tipo de situação. Vamos esperar o trabalho da polícia. É chocante ver aquilo ali. A gente está acostumado a ver na televisão não com parente próximo. Pelo vídeo, ele não teve defesa.
Um vídeo com imagens fortes que circula nas redes sociais traz o momento em que o suboficial é executado. A gravação mostra vários carros parados no trânsito devido à ação do criminoso. É possível ver um homem em pé atirando em outro, caído no chão, que usa um capacete. O homem atira ao menos quatro vezes contra a vítima, que permanece no chão.
Informações preliminares apontam que três criminosos participaram da ação, divididos em duas motos. O suboficial teria reagido à abordagem dos assaltantes. Ainda de acordo com esse primeiro relato, um major reformado da Polícia Militar que passava pelo local também entrou em confronto com os ladrões. Ferido sem gravidade no braço esquerdo, o militar, de 60 anos, foi socorrido para o Hospital Central da corporação.
Policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foram acionados e estão indo para o local da execução. Agentes do Grupo de Local de Crime (GELC) irão fazer uma perícia e buscar imagens de câmeras de segurança e testemunhas que levem à identificação dos autores.
Em nota, enviada na manhã desta quarta-feira (20), a Polícia Militar informa que, na noite de terça-feira (19), agentes do 4º BPM (São Cristóvão) estavam em patrulhamento quando foram acionados. A equipe, então, encontrou a vítima "ferida por disparo de arma de fogo caída na via". Os Bombeiros já estavam prestando socorro, no entanto, o militar não resistiu. Ainda segundo a nota, "durante atendimento desta ocorrência, um policial militar da reserva relatou que passava pelo local no momento da ação criminosa sendo também ferido e foi socorrido ao Hospital Central da Polícia Militar, onde recebeu atendimento e foi encaminhado para a 6ª DP após a alta médica".
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