O delegado da Polícia Federal (PF), Antônio José Lima de Carvalho, presidente da operação que investiga o suposto superfaturamento da obra do Canal do Sertão em Alagoas na gestão do governador Teotonio Vilela Filho, detalhou como ocorreram as fraudes, durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (30), na sede da PF, no Jaraguá.
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Carvalho, que participa diretamente das investigações, relatou que a obra chegou a ser superfaturada em R$ 70 milhões, 10% do valor total previsto para a construção. A operação resultou no cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Federal de Alagoas, em Maceió, na área metropolitana da Capital.
A defesa
Em nota, o ex-governador Teotonio Vilela Filho afirmou que não praticou nenhum crime e que a verdade será restabelecida.
O ex-chefe do Estado de Alagoas disse ainda que se assegura em ser o maior interessado para a elucidação das investigações e que continuará à disposição das autoridades policiais.
Confira abaixo a nota na íntegra:
O ex-governador Teotonio Vilela Filho tem consciência de que não praticou nenhum crime e que a verdade será restabelecida.
Em coerência com a sua história de vida pessoal e política, o ex-governador assegura ser o maior interessado na elucidação dessas investigações e que continuará à disposição das autoridades, contribuindo no que for preciso.
Assista:
O delegado aponta o envolvimento de três pessoas ligadas ao Governo do Estado na época. Segundo ele, o ex-secretário de Infraestrutura, Marco Antônio Fireman, teria solicitado uma vantagem indevida ao diretor da região Nordeste da Odebrecht, João Pacífico, que após duas reuniões, concordou em pagar um acréscimo de 2% sobre o valor das medições que fossem apresentadas.
Posteriormente, o secretário-adjunto da época, Fernando Nunes, teria procurado o diretor de contrato da empreiteira, Alexandre Biselli, e solicitou um novo acréscimo de 0,25%. O delegado afirmou que a Odebrecht pagou 2,25% em cima de cada medição e que os valores somam um montante de R$ 2,8 milhões.
Após a 23ª fase da Operação Lava-Jato ser deflagrada, a polícia apreendeu planilhas que faziam menções a apelidos, onde os colaboradores informaram que representavam pessoas ligadas ao Governo de Alagoas. Ao lado de cada menção havia o nome da obra, que estava assinada como o Canal do Sertão.
Os apelidos que constavam nas planilhas, segundo a PF são: “Bobão”, que seria uma referência ao ex-governador do Estado, Teotonio Vilela Filho; “Fantasma”, equivalente ao ex-secretário Marco Antônio Fireman, e “Faisão”, que seria o ex-secretário-adjunto Fernando Nunes.
A operação denominada "Caríbdes" investiga crimes de fraude a licitação, desvio de verbas públicas (peculato), corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, todos relacionados à obra do Canal do Sertão alagoano, mais especificamente os trechos 3 e 4, ambos licitados pelo Governo do Estado de Alagoas (Secretaria de Infraestrutura) na gestão anterior, ilícitos estes ocorridos entre 2009 e 2014.
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