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Delegado preso consolou família de Marielle e disse que solucionar crime era 'questão de honra'

Vinícius Valfré/Estadão Conteúdo | 24/03/24 - 12h57
Fernando Frazão/Agência Brasil

O delegado Rivaldo Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro, em 13 de março de 2018, véspera do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Neste domingo, 24, ele foi um dos presos pela Polícia Federal (PF) por suspeitas de atuar para proteger os apontados como mandantes dos assassinatos.

Depois do crime, o delegado recebeu e solidarizou-se com as famílias e amigos das vítimas e prometeu à mãe de Marielle que a solução do caso seria "questão de honra".

"Ele falou que era questão de honra elucidar esse caso", disse Marinete da Silva, mãe de Marielle, em entrevista à Globonews neste domingo. "A maior surpresa nisso tudo foi o nome do Rivaldo. Minha filha confiava nele, no trabalho dele."

Antes de ganhar o mandato na Câmara do Rio, Marielle Franco era assessora do deputado Marcelo Freixo (PT), hoje presidente da Embratur. Ele contou que Rivaldo Barbosa recebeu as famílias das vítimas no dia seguinte ao assassinato.

"Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro", disse, nas redes sociais.

Segundo a mulher de Freixo, Antonia Pellegrino, diretora da EBC, o delegado Rivaldo Barbosa se colocou à disposição de todos. "Nunca vou me esquecer de Rivaldo Barbosa recebendo a família e os amigos da Marielle, no dia 15 de março. Ao sairmos da sede da polícia, o então chefe da Civil me disse: 'Qualquer coisa estranha, qualquer insegurança, me liga'", contou.

As primeiras informações policiais sobre a prisão do delegado Rivaldo Barbosa indicam que ele atuou para proteger os irmãos Chiquinho Brazão, deputado federal, e Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio. Ambos são apontados como o mandante do crime, e para atrapalhar as investigações.

A operação deflagrada pela Polícia Federal num domingo, o que não é usual, porque havia riscos de vazamentos de informações sobre os alvos. As autoridades quiseram diminuir riscos de fugas dos suspeitos.