A primeira vacina contra a dengue finalmente pode chegar às suas mãos, ou melhor, aos seus braços. Criada pelo laboratório Sanofi Pasteur, ela começou a ser comercializada na última terça-feira.
Poder de proteção
Segundo estudo publicado no New England Journal of Medicine, a vacina funcionou em 93% dos casos graves da doença e reduziu em 80% as internações. A eficácia global ficou nos 66% dos casos. Foram mais de duas décadas de pesquisas e o desenvolvimento de 25 estudos clínicos em 15 países. Cerca de 30 mil voluntários (3,5 mil no Brasil) tomaram doses da vacina durante três fases de pesquisa clínica.
Como deve ser tomada
A vacina é divida em três doses – uma a cada seis meses. De acordo com Sheila Homsani, diretora médica do laboratório Sanofi Pasteur, essa divisão é necessária pois a primeira dose ativa os anticorpos, mas nem sempre é suficiente para a proteção.
O medicamento tem poder de proteção contra os quatro tipos de vírus da dengue e usa parte da estrutura do vírus da febre amarela para a imunização. Por isso, ele pode causar efeitos colaterais como dores de cabeça, febre e indisposição.
Quem pode tomar
A vacina é indicada para pacientes entre nove e 45 anos. Segundo o estudo, a eficácia global da vacina é de 66% em pacientes entre os nove e os 45 anos. Em comparação, apenas 44,6% dos participantes com idade inferior aos nove anos ficaram protegidos contra a doença.
Outro grupo que pode se beneficiar é aquele que já foi infectado pelo vírus da dengue. Rosa Richtmann, infectologista do Hospital Emílio Ribas explica que os testes feitos no estudo mostraram maior efeito com esse tipo de paciente. Além disso, quatro em cada cinco voluntários brasileiros apresentaram sorologia positiva para dengue. Isso não significa que eles tiveram sintomas da doença, mas que já foram infectados pelo vírus. Para a infectologista, esse é um sinal de que a vacina pode ter bons resultados na população brasileira.
A imunização contra a dengue ainda não é recomendada para grávidas, lactantes e pessoas com doenças imunológicas.
Protege contra zika e chikungunya?
Apesar de também transmitidas pelo Aedes aegypti, zika e a chikungunya têm vírus com estruturas diferentes. De acordo com Rosa Richtmann, ainda é cedo para afirmar que a vacina pode funcionar contra essas doenças.
O laboratório está utilizando os estudos da vacina da dengue para criar possíveis vacinas contra zika e chikungunya. "Já começamos as pesquisas e pretendemos iniciar a fase clínica no ano que vem”, conta a diretora médica Sheila Homsani.
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