Denúncia de abuso, ameaças e medida protetiva: médica diz que matou ex por ficar com medo de emboscada

Publicado em 17/11/2025, às 07h30
Nadia foi casada com Alan por mais de 20 anos - Montagem TNH1
Nadia foi casada com Alan por mais de 20 anos - Montagem TNH1

Por Redação

Nadia Tamyres, médica e assassina confessa de seu ex-marido Alan Carlos, alegou ter agido em legítima defesa ao temer uma emboscada, resultando em sua prisão em flagrante após o homicídio em Arapiraca, Alagoas.

Ela denunciou Alan por abuso sexual da filha e, apesar de uma medida protetiva que o impedia de se aproximar, sentiu-se ameaçada por ele e por um primo que a intimidava, levando-a a temer por sua vida.

Nadia permanece detida e aguarda audiência de custódia, enquanto sua filha está sob os cuidados dos avós, e a situação levanta questões sobre a eficácia das medidas protetivas em casos de violência doméstica.

Resumo gerado por IA

A médica Nadia Tamyres, assassina confessa do também médico Alan Carlos de Lima Cavalcante, ex-marido dela, alegou que atirou contra ele por medo de sofrer uma emboscada a caminho de casa, no povoado Capim, zona rural de Arapiraca, Agreste de Alagoas. O homicídio foi registrado pela Polícia Militar na tarde desse domingo (16) e a mulher foi presa em flagrante.

Em entrevista ao portal Agora Alagoas, Nadia Tamyres explicou que, há cerca de um ano e meio, denunciou Alan Carlos por abusar da filha deles, uma criança do sexo feminino e, que desde então era vítima de ameaças do ex-companheiro. Segundo a médica, a Justiça havia concedido medida protetiva que impedia o homem de se aproximar dela numa distância de 300 metros.

Ao retornar para casa, na última tarde, a Nadia disse ter visto o carro de Alan parado embaixo de uma árvore e desconfiado da movimentação dele. O médico estava próximo da cunhada dela, companheira do irmão de Nadia. "Eu fiquei com medo de quando passar ser morta. Fiquei com muito medo, pois achei que eles teriam feito uma emboscada para mim", contou ao destacar também que tem porte de arma de fogo desde 2020.

"Eu desci do carro, e antes dele me matar, atirei nele. Eu não sei quantos tiros foram. Simplesmente fechei os olhos, fui na direção dele, vi que ele fez um movimento brusco e atirei, porque fiquei com medo de morrer", frisou a médica.

"Eu estava com medida protetiva. Ele não poderia chegar perto de mim a 300 metros [de distância]. O que ele estava fazendo na esquina da minha casa? No meu trajeto? Eu fiquei acuada e com medo dele, eu achei que era uma emboscada e me defendi", continuou.

Denúncia de abuso

A médica também informou, durante a entrevista, que ficou casada por 22 anos com Alan Carlos e aproximadamente há um ano e meio o denunciou por abusar da filha. De acordo com a mulher, as ameaças do médico fizeram a defesa dela entrar com um pedido de medida protetiva, que teria sido concedida pela Justiça.

"Mais ou menos um ano e meio atrás fiz a denúncia de abuso de vulnerável que minha filha sofreu. Eu fui casada há 22 anos com essa mesma pessoa, desde os meus 15 anos de idade. Quando flagrei, e a escola percebeu, as funcionárias da casa perceberam, eu vi que minha filha estava pedindo socorro. Tomei coragem de fazer a denúncia", disse.

A médica afirmou que Alan usou o primo, que seria ex-reeducando do sistema prisional, para ameaçá-la. "Ele ficou me ameaçando com o primo dele, pois é ex-presidiário. Ele disse que o primo ia me pegar caso fosse preso. Me cederam também a medida protetiva contra o primo dele", acrescentou.

Nadia explicou que o ex-marido ficou em liberdade, e com o primo dele à solta, passou a viver amedrontada. "A delegada, na época, fechou o inquérito, viu que, sim, ele tinha abusado da criança, e encaminhou para a Primeira Vara, em Arapiraca. Chegando lá, a advogada inicial colocou as provas num formato de link, e o juiz não viu, apesar de a minha filha ter sido ouvida em uma oitiva especial dentro da Primeira Vara, onde ela relatou para a psicóloga e mesmo assim ele ficou livre".

Suposta "espionagem"

A médica afirmou que o primo de Alan Carlos esteve nas proximidades do trabalho dela na última semana e acionou a polícia para prendê-lo, porém o homem teria apresentado um documento falso e escapado da prisão.

"Na semana passada, antes do dia da audiência, o primo dele estava na esquina do posto de saúde onde trabalho. A comunidade me avisou e chamei a Patrulha Maria da Penha. Quando ela chegou lá, o primo dele apresentou o documento falso e escapou. Ele está foragido e fiquei com medo".

Nadia afirmou que a filha está sob os cuidados dos avós. Ela segue detida em delegacia e aguarda audiência de custódia nesta segunda-feira (17).

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