Brasil

Desde que naja picou estudante, 33 serpentes foram resgatadas no DF

Correio Braziliense | 20/07/20 - 10h22

O caso do jovem picado pela naja, no início do mês, chamou a atenção do país e acendeu um alerta para moradores do Distrito Federal. Desde o dia 7 de julho, quando o estudante de veterinária Pedro Henrique Lemkuhl, 22 anos, foi atacado pela cobra que criava ilegalmente, 33 serpentes mantidas sem autorização foram resgatadas. Ontem, o dono de uma jiboia da espécie boa constrictor entregou o animal à 14ª Delegacia de Polícia (Gama) — responsável pelas investigações acerca do caso da naja. O homem não foi responsabilizado.

Apesar da comoção, a quantidade de capturas de cobras que aparecem em residências no DF diminuiu no acumulado do ano, em comparação com 2019. Desde janeiro, o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) resgatou 239 cobras. No mesmo período do ano passado, foram 267 ofídios.

Na semana passada, Yara Ballarini, 30, avistou uma jararaca dentro do galinheiro de sua casa, no Córrego do Urubu, no Varjão. De acordo com a empresária, é comum o surgimento de serpentes no local, devido à região onde mora. Para evitar que cobras e outros bichos entrem na residência, ela fez adaptações — colocou forro e rodapé nas portas. “Eu tenho medo, mas prefiro deixá-las no canto delas, porque acho que a gente que está invadindo o ambiente desses animais”, avalia Yara.

Bernardo Prieto, 35 anos, também se deparou com cobras em casa, no Jardim Botânico. Ao chegar na residência, ele encontrou uma serpente na piscina. “Eu peguei um gancho, retirei e soltei no mato”, conta o empresário. Fazer capturas desses animais por conta própria, no entanto, é altamente desaconselhável pela Polícia Militar Ambiental, responsável por efetuar os resgates.

Ligue 190

A orientação da polícia é de que a pessoa, ao avistar uma cobra ou outros animais silvestres e exóticos dentro de casa, chame, imediatamente, o Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA) pelo telefone 190.

Apesar de as cobras, normalmente, aparecerem em residências no período chuvoso, buscando refúgio, a cabo Fernanda Echamende do BPMA assegura que a corporação atende a muitas chamadas durante a seca. “Todo dia recebemos ligações para captura de cobras. Geralmente, são cobras nativas do Cerrado e que aparecem em locais onde tem campos próximos, como setores de chácaras”, explica.

Após a captura das serpentes, o BPMA as devolvem à natureza, caso sejam de espécies nativas da região e estejam em boas condições de saúde. Se não estiverem sadias, as cobras são encaminhadas ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais (Cetas-DF), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Uma vez recuperadas, o instituto retorna o animal ao habitat deles.

No ano passado, foram 611 cobras resgatadas pelo BPMA. A espécie mais frequente é a jiboia, que não é peçonhenta. A cascavel, também, aparece bastante, no Distrito Federal, e possui um perigoso veneno, capaz de matar uma pessoa. Bernardo relata que perdeu um primo, há cinco anos, devido à picada de uma cascavel. O rapaz, à época com 28 anos, pedalava na QI 27 do Lago Sul quando foi picado pela obra. Voltou a pedalar, à procura de socorro, o que fez o veneno se espalhar pelo corpo. Ele faleceu dois dias depois.

Caso de polícia

Se a cobra for exótica — de fora do Brasil —, o caso pode ser investigado pela Polícia Civil, como ocorreu com Pedro Henrique Lemkuhl. Em situações como essas, é feita uma apuração para descobrir como o animal chegou ao país. O Ibama fiscaliza os locais de cativeiro, aplica multas e presta os devidos cuidados veterinários. Parte das serpentes resgatadas está, atualmente, em quarentena, no Zoológico de Brasília. A jiboia entregue, ontem, no Gama, está com o Ibama. O órgão busca instituições habilitadas para a custódia da cobra.