“Fizemos o depósito confiando no vendedor”. A frase é de uma mulher que pode ter sido vítima de um golpe aplicado por meio do Facebook, e confirma que o excesso de confiança é quase sempre a postura de pessoas que foram enganadas em negociações envolvendo dinheiro.
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Dessa vez, o caso é referente à venda de passagens de avião. Em entrevista ao TNH1, a vítima contou que estava aflita por ter de viajar às pressas com a família e, por isso, recorreu a sites de compra na tentativa de conseguir um desconto para ela, o esposo e dois filhos. A pesquisa de preços foi feita na quarta-feira (23).
“Ana”, como será chamada pela reportagem, encontrou no Facebook um grupo chamado “OLX Maceió”, onde um dos participantes, identificado como Darlla Montini, anunciava passagens aéreas nacionais com custo de R$ 490 cada, com o telefone de contato.
“Enviamos mensagem para o contato e o vendedor respondeu de imediato, dizendo que trabalhava há mais de dez anos com venda de passagens”, explicou Ana. “Fizemos uma cotação e, quando questionei sobre o valor diferenciado, ele me explicou que usava milhas para emissão, por isso era tão barato”, acrescentou.
Após enviar alguns prints de passagens emitidas para outros supostos clientes, o vendedor, que se identificou ao telefone como Alberto (e não mais como Darlla), teria convencido a família a efetuar o depósito, que ficou em R$ 900, para garantir os aéreos. “Depois da transferência, ele começou a nos enrolar e vimos que tínhamos caído em um golpe”, contou a dona de casa. “Decidimos denunciar e procuramos a polícia para prestar queixa hoje”, assegurou.
Ana e a família farão a viagem, mas tiveram que comprar novas passagens, dessa vez usando o caminho convencional.

TNH1 fez cotação
A reportagem encontrou no mesmo grupo OLX Maceió o contato de Darlla Montini e, passando por mais um cliente, entrou em contato com o número anunciado.
Uma passagem de ida e volta no trecho Maceió / Fortaleza, que foi encontrada no site de passagens momentos antes por R$ 1560, foi oferecida pelo suposto vendedor a R$ 550.
O mesmo homem que atendeu Ana respondeu à cotação por áudios e, da mesma forma, explicou que trabalha com compra e venda de passagens emitidas por milhas de terceiros há dez anos.
Em um segundo contato, a reportagem se identificou e pediu um número de telefone que não fosse apenas de WhatsApp, mas "Alberto" só falou através do aplicativo. Por mensagem, o suposto vendedor garantiu que o estorno na companhia aérea leva 90 dias para ser feito e, mesmo sem saber de quem se tratava, irá ressarcir a cliente no prazo de 15 dias.
Venda de milhas é proibida por companhias aéreas
Apesar de o mercado paralelo de milhas não ser ilegal, a prática é controversa. Programas de fidelidade ligados a companhias aéreas proíbem a comercialização de milhas em seus regulamentos, no entanto, pouco pode ser feito pelas empresas para identificar e coibir a prática, tanto pela dificuldade na fiscalização, quanto pela falta de uma regulamentação específica que preveja medidas punitivas para a compra e venda das milhas.
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