A decisão dos Estados Unidos de retirar Alexandre de Moraes e sua esposa da lista de sanções Magnitsky representa uma derrota significativa para Eduardo Bolsonaro e seus aliados, que tentaram pressionar Washington a punir ministros do STF. Essa ação evidencia a falta de apoio interno e a fragilidade do movimento bolsonarista no cenário internacional.
Desde março, Eduardo e Paulo Figueiredo lideravam esforços para apresentar Moraes como um violador de liberdades civis, visando sua inclusão em sanções estrangeiras devido a decisões que afetaram Jair Bolsonaro. A nota de Eduardo revela um reconhecimento do fracasso da estratégia, atribuindo a falta de coesão interna como um dos principais fatores para a derrota.
Após a decisão americana, que encerra a principal aposta internacional do bolsonarismo, Eduardo reafirma sua lealdade a Trump, mas o tom de seu comunicado reflete desânimo. A recusa dos EUA em colaborar com as ofensivas contra o Judiciário brasileiro fragiliza a narrativa de apoio internacional à família Bolsonaro e limita as opções de pressão sobre as instituições do país.
A reação de Eduardo Bolsonaro à decisão do governo dos Estados Unidos de retirar o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa da lista de sanções Magnitsky expôs a dimensão da derrota do movimento liderado pelo deputado e pelo blogueiro Paulo Figueiredo para pressionar Washington a punir ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Em nota pública divulgada nesta sexta-feira (12/12) no X, o deputado federal brasileiro, que vive atualmente nos EUA, assumiu que a ofensiva internacional perdeu sustentação e culpou a “falta de coesão interna” no Brasil.
Desde março deste ano, Eduardo e Figueiredo encabeçavam um esforço articulado com grupos conservadores ligados a Donald Trump para apresentar Moraes como violador de liberdades civis.
O objetivo era manter o ministro do STF – responsável por decisões nos inquéritos do 8 de janeiro de 2023 e relator das ações que condenaram Jair Bolsonaro à inelegibilidade e à pena de 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe – como alvo de punições estrangeiras.
Na nota, Eduardo lamenta abertamente o fracasso. “Recebemos com pesar a notícia da mais recente decisão anunciada pelo governo americano.” O texto também sugere que a estratégia de exportar o conflito político brasileiro encontrou pouca aderência internacional:
NOTA PÚBLICA
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) December 12, 2025
Recebemos com pesar a notícia da mais recente decisão anunciada pelo governo americano. Somos gratos pelo apoio que o presidente Trump demonstrou ao longo dessa trajetória e pela atenção que dedicou à grave crise de liberdades que assola o Brasil.
Lamentamos que a… pic.twitter.com/Kcm3MSb4Xr
“A sociedade brasileira […] não conseguiu construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais.”
O deputado atribui o revés à ausência de apoio interno. “A falta de coesão e o insuficiente apoio às iniciativas conduzidas no exterior contribuíram para o agravamento da situação atual.”
A passagem é interpretada por aliados como uma crítica implícita ao campo bolsonarista, que se fragmentou desde as derrotas judiciais de Jair Bolsonaro.
Mesmo após a decisão americana, Eduardo reforça fidelidade ao ex-presidente dos EUA, afirmando esperar que a decisão de Trump “seja bem-sucedida em defender os interesses estratégicos dos americanos”. O tom melancólico do comunicado contrasta com o discurso de força adotado nos últimos meses, período em que o deputado prometia “consequências internacionais” a magistrados brasileiros.
O anúncio dos EUA encerra a principal aposta internacional do bolsonarismo desde a derrota de 2022. Washington não apenas rejeitou manter Moraes sob a lista de punição — originalmente ativada sob argumentos inconsistentes apresentados por aliados de Bolsonaro — como sinalizou que não colaborará com ofensivas que visem interferir no funcionamento das instituições brasileiras.
No fim da nota, Eduardo e Figueiredo afirmam que seguirão trabalhando para “libertar o país”, finalizando com uma prece. “Que Deus abençoe a América, e que tenha misericórdia do povo brasileiro.”
O recuo americano fragiliza a narrativa de que a família Bolsonaro conta com apoio internacional para reverter as decisões judiciais que atingem o ex-presidente e seus aliados – e expõe os limites do alinhamento político com Donald Trump como estratégia de pressão sobre o Judiciário brasileiro.
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