“Ele se vê como um gari da sociedade”, diz promotor sobre ‘serial killer de Maceió’

Publicado em 31/10/2025, às 09h50
Promotor de Justiça Antônio Vilas Boas durante depoimento de testemunha - Divulgação/MPAL
Promotor de Justiça Antônio Vilas Boas durante depoimento de testemunha - Divulgação/MPAL

Por João Arthur Sampaio e Eberth Lins

Albino dos Santos Lima, conhecido como o 'serial killer de Maceió', enfrenta seu quinto júri popular por assassinato e tentativa de homicídio, com o julgamento previsto para ser rápido devido à dispensa de testemunhas pelo promotor de Justiça.

O réu justificava seus crimes alegando que as vítimas estavam envolvidas com o crime, mas investigações mostraram que não havia ligação com tráfico ou prostituição, desafiando sua narrativa.

O Ministério Público mantém a mesma linha de acusação em cada julgamento, destacando o modus operandi do acusado e sua crença distorcida de 'justiçamento', enquanto busca uma nova condenação.

Resumo gerado por IA

“Ele é imbuído desse sentimento de justiçamento, como se fosse um gari da sociedade.” A definição, dada pelo promotor de Justiça Antônio Vilas Boas, resume a forma como o Ministério Público enxerga Albino dos Santos Lima, o “serial killer de Maceió”, que responde nesta sexta-feira (31) pela morte de Tâmara Vanessa dos Santos e pela tentativa de homicídio contra duas pessoas cometidos em junho de 2024, no bairro da Ponta Grossa. Este é o quinto júri popular enfrentado por ele.

Segundo o juiz Yulli Roter Maia, o julgamento deve ser rápido, já que o promotor de Justiça dispensou as oitivas das vítimas e das testemunhas. “Nós vamos direto ao interrogatório, isso faz com que o julgamento se acelere e, por volta de meio-dia, ele termine, logo após os debates. As penas estão sendo feitas e depois, na execução, elas são somadas, a fim de que haja o cumprimento dessa execução”, explicou o magistrado.

Albino costumava justificar os assassinatos alegando que as vítimas tinham envolvimento com o crime, mas as investigações comprovaram que nem Tâmara nem os sobreviventes possuíam qualquer ligação com o tráfico de drogas ou com a prostituição, argumento frequentemente utilizado pelo réu.

O promotor de Justiça Antônio Vilas Boas afirmou que a acusação seguirá a mesma linha adotada em julgamentos anteriores. “Pelo modus operandi empregado pelo acusado, a tese acusatória vai seguir na trilha da torpeza porque foi praticado o crime e pelo recurso que dificultou a defesa da vítima. O seu algoz, o Albino, sempre utilizando o elemento de surpresa, de estudar o comportamento de suas vítimas, seguindo-as pelas redes sociais e, ao cabo, decidindo por ceifar a vida dessas vítimas, hoje não foge à regra. O modus operandi foi o mesmo, de forma que o Ministério Público convencerá o Conselho de Sentença e que saíamos daqui com ele condenado, como já saímos dos demais crimes”, afirmou.

O promotor reforçou que cada julgamento é tratado de forma independente. “Não podemos misturar as estações. Cada crime é um crime, com as suas circunstâncias de modo, tempo e lugar, embora a motivação sempre tenha sido a mesma. O Albino Santos, esse maior assassino do estado de Alagoas, entende que essas vítimas, a quem ele ceifa as vidas, eram uma espécie de câncer, palavras dele, da sociedade. Então, ele é imbuído desse sentimento de justiçamento, como se fosse um gari da sociedade, querendo limpar ou estirpar ou tirar do convívio social essas pessoas. Notadamente jovens, que ele entendia que eram traficantes de drogas ou praticavam esses crimes”, concluiu Vilas Boas.

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