O que era para ser apenas uma consulta de rotina terminou com um frio na barriga e uma preocupação inesperada na vida de José Antônio Batista, de 38 anos, e Edjane da Silva, de 26. Na primeira semana em que nasceu, o pequeno Lucas Batista, filho do casal, foi diagnosticado com sopro no coração e encaminhado para a Casa do Coraçãozinho, em Maceió. O serviço é mantido com recursos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e, desde que foi inaugurado, em dezembro de 2016, até março deste ano, já realizou 2.230 atendimentos.
LEIA TAMBÉM
“Qualquer movimento que ele fazia, provocava sintomas como o cansaço intenso e falta de ar. No início, a gente teve que ter muito cuidado, pois o Lucas é muito danado, peralta mesmo. Ele não pode ver um carrinho de brinquedo que começa a correr atrás”, contou o pai, todo zeloso.
A cirurgia, prevista para ser realizada neste primeiro semestre, ainda não aconteceu, em função de a criança ter sido acometida pelo vírus da gripe por duas vezes consecutivas, o que deixou sua imunidade muito baixa. No entanto, a criança está tomando medicamentos e ganhando um pouco de peso, segundo a mãe, para se submeter ao processo cirúrgico. No local, a criança está sendo atendida pelo cirurgião cardiovascular José Wanderley Neto.
“Pra minha família, ter um espaço como esse é muito importante, porque nunca teríamos condições de pagar por um atendimento assim. Pedimos a Deus, todos os dias, que esse lugar continue abrindo as portas não só pra o meu filho, mas, também, as outras pessoas que precisam desse serviço. Estamos aguardando, ansiosos, por essa cirurgia, que vai trazer uma qualidade de vida melhor para o nosso filho”, elogiou o pai.
Após a filha Thyfane Sophia da Silva de Lima, de 5 anos, ter recebido o diagnóstico que possuía uma cardiopatia congênita, a mãe, Érica dos Santos, de 26 anos, também foi orientada a procurar a Casa do Coraçãozinho. A cura do problema só poderia ser resolvida por meio de uma cirurgia. O procedimento aconteceu em fevereiro deste ano e, desde então, mãe e filha frequentam o serviço para fazer consultas de revisão.
“Se não fosse esse lugar, acho que a minha filha já poderia estar morta. O tratamento que a gente recebeu aqui, desde a consulta até o momento da cirurgia, tem me deixado muito satisfeita. Que Deus continue abençoando esse lugar”, destacou Érica dos Santos.
O serviço – Na Casa do Coraçãozinho, mantida pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), os ambulatórios, brinquedoteca, centro de diagnóstico e sala de treinamento funcionam num mesmo ambiente. O espaço ainda possui consultórios médicos, uma área de treinamento para pediatras e cardiopediatras, além de um auditório.
Para o diretor executivo da Fundação Cardiovascular de Alagoas (Cordial), que é mantenedora da Casa do Coraçãozinho, Otoni Veríssimo, o projeto visa à qualidade de vida das crianças com problemas cardiológicos. ”A Casa do Coraçãozinho se posiciona, hoje, como um centro de referência estadual aos pequenos cardiopatas alagoanos, ou seja, nós somos a grande catalisadora no acolhimento às crianças com problemas no coração do Estado”, pontuou.
De acordo com ele, o maior diferencial do projeto é que a crianças com algum tipo de cardiopatia congênita tem o seu acompanhamento integral, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), desde a descoberta da doença até a vida adulta. Desde a inauguração, já foram realizados 3.671 procedimentos, sendo 2.695 ecocardiogramas, 844 eletrocardiogramas e 132 cirurgias.
“O foco da Casa do Coraçãozinho não é simplesmente dar o diagnóstico ou encaminhar a criança para ser submetida ao processo cirúrgico. Ele garante o acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento ao longo de todo tratamento”, ressaltou Otoni Veríssimo, ao adicionar que, antes da implantação do Serviço Estadual de Cardiopediatria, os pais e seus filhos com problemas no coração precisavam realizar o tratamento fora do Estado.

Segundo o cardiologista José Wanderley Neto (foto abaixo), a Casa do Coraçãozinho é um marco no atendimento das crianças portadoras de cardiopatia congênita em Alagoas. “É um novo conceito no Estado, visto que esse lugar é um centro de gerenciamento de todas as crianças que nascem com problemas no coração, tanto na capital como no interior. São em torno de 400 crianças que nascem por ano com algum tipo de cardiopatia congênita”, informou.

Funcionamento – A Casa do Coraçãozinho funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Os pais e as crianças são atendidos por uma equipe multiprofissional, formada por assistentes sociais, enfermagem, médicos, cirurgiões cardiovasculares e pediátricos, cardiopediatras, pediatras, psicólogos e fisioterapeutas.
+Lidas