Entenda o corte de incentivos fiscais aprovado pelo Congresso

Publicado em 21/12/2025, às 14h34
Aprovado na madrugada da última quarta-feira (17) pela Câmara dos Deputados e na noite do mesmo dia pelo Senado, o texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Agência Brasil
Aprovado na madrugada da última quarta-feira (17) pela Câmara dos Deputados e na noite do mesmo dia pelo Senado, o texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Agência Brasil

Por Redação

O Congresso aprovou um corte de incentivos fiscais, que deve aumentar a arrecadação em R$ 22,4 bilhões em 2026, como parte do esforço do governo para equilibrar o Orçamento. A proposta inclui aumento de tributos sobre empresas de apostas on-line, fintechs e juros sobre capital próprio.

O projeto reduz em 10% os incentivos fiscais federais e estabelece novas alíquotas para setores específicos, como casas de apostas, que terão sua tributação elevada gradualmente até 2028. Além disso, novas regras de controle e transparência para concessão de benefícios tributários foram implementadas.

As medidas entrarão em vigor em 1º de janeiro de 2026, com um período de noventena de 90 dias após a sanção presidencial para as alterações tributárias. O governo também revalidará despesas não pagas, com um impacto estimado de R$ 3 bilhões nos cofres públicos.

Resumo gerado por IA

Principal aposta do governo para equilibrar o Orçamento de 2026, o corte de incentivos fiscais foi aprovado nesta semana pelo Congresso. Com potencial de elevar a arrecadação em cerca de R$ 22,4 bilhões no próximo ano, a proposta também aumenta tributos sobre empresas de apostas on-line (bets), fintechs e grandes empresas que remuneram sócios por meio de juros sobre capital próprio (JCP).


Aprovado na madrugada da última quarta-feira (17) pela Câmara dos Deputados e na noite do mesmo dia pelo Senado, o texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No início da semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia dito que o projeto era importante para evitar um corte de cerca de R$ 20 bilhões no Orçamento de 2026.


A seguir, veja os principais pontos do projeto e como ele afeta empresas, setores e as contas públicas.


O que o projeto faz?
O projeto reduz em 10% parte dos incentivos e benefícios fiscais federais e, ao mesmo tempo, aumenta tributos sobre:


Casas de apostas esportivas on-line (bets);
Fintechs e outras instituições financeiras;
Juros sobre capital próprio (JCP).
Além disso, cria regras mais rígidas de controle, transparência e limites para a concessão de benefícios tributários no país.


Quais tributos terão benefícios reduzidos?
A redução de 10% atinge incentivos ligados aos seguintes tributos federais:


Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e PIS/Pasep-Importação;
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Cofins-Importação;
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
Imposto de Importação;
Contribuição previdenciária patronal.
A diminuição incide sobre os chamados gastos tributários listados no Orçamento de 2026 e em regimes especiais, respeitadas as exceções previstas no texto.


Quais regimes e setores podem ser afetados?
Entre os benefícios que poderão sofrer redução estão:


Regime Especial da Indústria Química (Reiq);
Créditos presumidos de IPI para empresas exportadoras;
Créditos presumidos de PIS/Cofins para setores como farmacêutico, agropecuário, alimentos, transporte rodoviário de passageiros e exportações de café e cítricos;
Alíquota zero de PIS/Cofins para importadores de fertilizantes, agrotóxicos e nafta petroquímica.
No caso do lucro presumido, o texto permite elevar em 10% a base de cálculo do imposto, mas apenas sobre a parcela da receita bruta anual que ultrapassar R$ 5 milhões.


Quais são as exceções?
A redução não atinge:


Imunidades constitucionais (templos religiosos, partidos políticos, livros);
Zona Franca de Manaus e áreas de livre comércio;
Produtos da cesta básica nacional;
Entidades filantrópicas sem fins lucrativos;
Empresas do Simples Nacional;
Programas como Minha Casa, Minha Vida e Prouni;
Lei Aldir Blanc;
Desoneração da folha de pagamentos;
Incentivos para os setores de tecnologia da informação, comunicação e semicondutores.
Também ficam preservados benefícios concedidos por prazo determinado a empresas que já cumpriram contrapartidas exigidas em lei.


O que muda para as bets?
A tributação sobre as casas de apostas será elevada de forma gradual. Hoje, ela é de 12%, mas aumentará para:


13% em 2026;
14% em 2027;
15% em 2028.
Metade da arrecadação adicional será destinada à seguridade social e a outra metade a ações de saúde.


O texto também endurece a fiscalização e prevê responsabilização solidária de quem fizer publicidade ou mantiver operações com bets não autorizadas.


E para as fintechs?
O projeto aumenta a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido):


Fintechs e sociedades de capitalização passam de 15% para 17,5% até 2027 e para 20% a partir de 2028;
Outras instituições financeiras, como bolsas e entidades de liquidação, terão alíquotas elevadas de 9% para 12% até 2027 e para 15% a partir de 2028.
O que muda no JCP?
O Imposto de Renda retido na fonte sobre juros sobre capital próprio (JCP) sobe de 15% para 17,5%. O JCP é usado por grandes empresas para remunerar sócios e acionistas.


Há novos limites para benefícios fiscais?
Sim. O texto estabelece que, se os incentivos tributários ultrapassarem 2% do Produto Interno Bruto (PIB), fica proibida a concessão, ampliação ou prorrogação de novos benefícios, salvo se houver medidas de compensação fiscal.


Segundo o governo, os benefícios tributários no Brasil podem chegar a R$ 800 bilhões por ano.


O projeto trata de crimes tributários?
Sim. Ele agrava penas para crimes tributários quando envolverem bens protegidos por imunidades constitucionais, como livros e templos religiosos.


O que são os “restos a pagar” revalidados?
O projeto permite revalidar despesas empenhadas, mas não pagas, que haviam sido canceladas a partir de 2023. Esses valores poderão ser quitados até o fim de 2026, inclusive recursos de emendas parlamentares. A estimativa de impacto para os cofres do governo está em torno de R$ 3 bilhões.


Quando as mudanças entram em vigor?
A maior parte das medidas passa a valer em 1º de janeiro de 2026.


No entanto, as alterações que envolvem aumento de tributos ou redução de benefícios precisam respeitar a noventena: prazo mínimo de 90 dias após a sanção presidencial para entrar em vigor.

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