A partir da próxima terça-feira (31), a Record aposta mais uma vez no clássico romance sobre a escrava Isaura, obra literária escrita por Bernardo Guimarães, como tema de um folhetim. No entanto, diferentemente da Globo em 1976 e da própria rede de Edir Macedo em 2004, agora o investimento será nas tramas que antecederam à clássica história da escrava de pele branca que era perseguida pelo obcecado senhor Leôncio.
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“Escrava Mãe”, escrita por Gustavo Reiz, estreará na nova faixa de novelas da Record, às 19h30, narrando a trajetória de vida de Juliana (Gabriela Moreyra), mãe de Isaura, e seu amor por Miguel (Pedro Carvalho). O folhetim, livremente inspirado no livro de Guimarães, irá apresentar aos telespectadores assuntos importantes sobre a construção do povo brasileiro e as mais verdadeiras relações que surgiram em momentos de turbulência em nosso país.
A vinda de Angola
A trama de “Escrava Mãe” inicia-se em 1789 em Angola, na época em que o país africano era considerado o principal abastecedor de escravos para as plantações de cana-de-açúcar do Brasil. De lá, foram trazidos a bordo de um navio negreiro os africanos Kamau (Marcelo Batista) e Luena (Nayara Justino).

Ao desembarcarem no Brasil, os dois conseguem fugir e sonham em recomeçarem suas vidas em liberdade, mesmo assombrados pelo terror da escravidão, que dominava o país naquela época.
Filha de pele mais clara
Em meio à liberdade provisória conquistada, Luena se frustra durante o nascimento de sua filha, ao notar que a pele dela é mais clara que a sua. A criança é fruto de um estupro que ela sofreu durante a travessia pelo Atlântico.
A fuga de Luena despertou a ira dos mesmos homens que haviam invadido a tribo em que ela vivia na África. Comandados pelo vilão Osório (Jayme Periard), eles vão atrás das ‘mercadorias’ que haviam perdido ao chegar ao país. Luena não resiste ao parto, mas antes de morrer consegue entregar o bebê ao pequeno Sapião (Sidney Santiago), que consegue fugir do lugar.
Enquanto isso, Kamau é alcançado pela trupe de Osório e é aprisionado. Mesmo preso, ele promete um dia voltar para buscar aquela criança, já que ele a considerava como filha.
Refúgio
Após andar por muitos lugares, Sapião é acolhido numa fazenda açucareira, a Engenho do Sol, e a menina, batizada com o nome de Juliana, é criada ao lado de Teresa (Roberta Gualda) e Maria Isabel (Thais Fersoza), filhas do coronel Custódio (Antônio Petrin) e de D. Beatrice Avelar (Bete Coelho). Se a morte da mãe já representava uma mudança brusca na vida de Juliana, sua história passaria por mais reviravoltas e emoções com o passar do tempo.
A descoberta do passado
Quando a jovem completa 18 anos, Tia Joaquina (Zezé Motta), resolve contar toda a verdade a Juliana sobre seu passado. Ao descobrir que é fruto de uma violência praticada contra sua mãe, Juliana, que é grande amiga de sinhá Teresa, de quem sempre foi mucama, fica completamente perdida. Apavorada, jura a si mesma que jamais deixaria um homem branco sequer tocá-la. No entanto, será nesse momento que ela conhecerá o jovem português Miguel, um viajante em busca de trabalho na Vila de São Salvador.
A chegada de Miguel a Vila de São Salvador
No ano de 1808, a corte portuguesa se transferia para o Brasil. Nessa época, a Vila de São Salvador vivia um momento próspero, devido ao ótimo desempenho da produção de cana-de-açúcar no país. Além do aumento de poder dos senhores de engenho, os recursos gerados pela cana ampliaram o desenvolvimento da região, atraindo muitas pessoas em busca de melhores condições.

É nessa época que o jovem português Miguel resolveu vir para o Brasil. No entanto, engana-se quem pensa que ele buscava melhores condições. Sua chegada à vila foi por outro motivo. Ele estava atrás de respostas para um grande mistério que envolvia a morte de seus pais, que foram assassinados por causa de perseguições políticas, algumas delas provenientes de relações de seu pai com senhores de engenho da região. Assim, ele resolve ficar no lugar, para executar sua vingança contra os mandantes do crime.
Na cidade, mesmo sendo um jovem proveniente de família rica, Miguel aceita trabalhar no armazém do Seu Nestor (César Pezzuoli) e aluga um quarto nos fundos da venda. O rapaz é tratado praticamente como filho por Nestor e D. Irani (Adriana Londoño), por quem tem grande gratidão.
Casamento para salvar a família
A situação da família do coronel Custódio não é nada boa, já que eles contraíram uma enorme dívida. Para tentar se livrar da crise financeira, sinhá Teresa foi obrigada a se casar com o comendador Almeida (Fernando Pavão). Assim, o comendador torna-se o novo senhor da fazenda Engenho do Sol.
O arranjo reacendeu uma rivalidade histórica com a família do coronel Quintiliano Gomes (Luiz Guilherme), proprietário da fazenda Doces Campos. Tudo porque Guilherme (Roger Gobeth), filho de Quintiliano, correspondia-se às escondidas com Teresa, que também o amava, mesmo com a inimizade histórica de seus pais.
Obsessão do novo senhor de engenho
Com o casamento da sinhá com Almeida, a guerra entre as famílias mais poderosas da região se acirra, atrapalhando ainda mais a vida de Juliana, que passa a ter que conviver com a obsessão desenfreada do comendador Almeida por ela. Para piorar, Almeida se alia a Isabel e passa a perseguir ainda mais Juliana.
Mesmo com todos esses empecilhos, a escrava e Miguel viverão juntos uma intensa história de amor, combatendo inimigos poderosos e até obstáculos daquela época, como o preconceito. Perdidamente apaixonado por ela, o português enfrenta grandes momentos de embate com o Comendador Almeida e torna-se o grande protetor de Juliana, com quem terá uma filha.
A polêmica taverna da Vila
Um dos pontos mais badalados da Vila de São Salvador é a Pensão Jardineira, local de histórias de amor, aventura e comédia. A taverna, chefiada por Rosalinda (Luiza Thomé), é o ponto de encontro dos homens do lugar.
Por conta disso, um dos assuntos mais comentados no lugarejo é a rivalidade entre Rosalinda e Dona Urraca de Almeida (Jussara Freire), mãe do comendador Almeida. Urracase considera uma defensora da tradição e dos bons costumes. Por isso, não esconde de ninguém sua raiva por Rosalinda.
Ela passa boa parte do tempo criticando o comportamento da inimiga e de Dália (Manuela Duarte), Petúnia (Robertha Portella) e Violeta (Débora Gomes), que vivem e trabalham na taverna. Assim, cabe ao capitão Loreto (Junno Andrade), chefe da guarda e responsável por manter a ordem na Vila, tentar acalmar os ânimos das duas rivais.
Luta pela abolição
“Escrava Mãe” também apresenta a inquietação de muitos cidadãos contra a escravidão. Na trama, em um momento em que a circulação de informações e novas ideias poderiam representar perda de poder à Coroa, o professor Átila (Léo Rosa) demonstra interesse em criar um jornal na Vila, para espalhar suas ideias abolicionistas. Em pouco tempo, o rapaz torna-se uma dor de cabeça para o capitão Loreto.
O interesse do escritor desperta a atenção de muitos jovens. É o caso da sinhá Filipa (Milena Toscano), filha do coronel Quintiliano. Revoltada com a realidade de submissão das mulheres da época, ela também não se conforma com o tratamento dado aos escravos. Assim, ela resolve lutar pela abolição da escravatura junto a Átila e ainda tentará resolver um mistério que ronda a morte de sua mãe.
Bastidores e curiosidades
“Escrava Mãe” começa a ser exibida com todos os seus capítulos já gravados, uma vez que seus trabalhos foram encerrados em novembro de 2015. A trama, que deveria estrear no segundo semestre do ano passado, no lugar de “Os Dez Mandamentos”, teve sua estreia adiada pela direção da Record algumas vezes. Prevista para ir ao ar às 20h30, a emissora mudou os planos. Assim, a trama histórica de Gustavo Reiz foi deslocada para uma nova faixa, a das 19h30.
Este novo horário também gerou alguns adiamentos, diante das esticadas que a Globo fez no sucesso "Totalmente Demais", que enfim terminará na segunda (30). Desta forma, "Escrava Mãe" começará no mesmo dia de "Haja Coração".
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