Especialistas alertam: hemograma não dá diagnóstico de dengue

Publicado em 27/03/2016, às 08h29

Por Redação

A morte da menina Yasmim Vitória Gonçalves, de 12 anos, na última semana, depois de receber alta de uma unidade de saúde, no Rio de Janeiro, onde estava internada com suspeita de dengue, despertou a atenção da sociedade para os critérios médicos utilizados no atendimento e liberação de pacientes com suspeita da doença.

Yasmim faleceu após uma médica liberá-la do atendimento, segundo familiares da vítima, usando como único critério para detecção da dengue o nível de plaquetas a partir do exame de hemograma.

Porém, de acordo com a médica infectologista  Luciana Pacheco, do Hospital Hélvio Auto, em Maceió, o hemograma não é suficiente para fechar o diagnóstico da doença. Como os sintomas de dengue são muito parecidos com os de outras doenças, como gripe e virose, só os testes de sorologia e o isolamento do vírus podem confirmar a enfermidade.

“A baixa de plaquetas, identificada através do hemograma, é apenas sugestiva e serve como orientação ao médico sobre a situação clínica do paciente, se há possibilidade de outras doenças ou complicações”, ressalta a infectologista.

Pela rede SUS, de acordo com a médica, os resultados dos exames específicos - sorologia e isolamento do vírus - podem sair em até 15 e 30 dias, respectivamente.

“No exame de isolamento viral, deve ser coletado o sangue a partir do quinto dia do início dos sintomas, porque esse é o período que o vírus pode começar a se manifestar”, explica.

Observação do paciente

O assessor de Alta e Média Complexidade da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas, Rogério Barbosa, destaca que além dos exames de sorologia e de isolamento viral, o médico deve observar também o quadro clínico e os sintomas comuns e já conhecidos da doença.

“Quando um médico recomenda ao doente repousar em casa sem a necessidade de internamento no hospital, é porque ele já tem avaliado a ausência de sintomas mais graves. Cabe ao paciente, a partir da evolução ou não dos sintomas, retornar ao posto de saúde ou unidade hospitalar”, diz.

Ainda de acordo com Rogério Barbosa, caso o paciente ou até mesmo um familiar desconfie do laudo médico, o recomendável, de imediato, é procurar outra unidade de saúde para que o doente seja reavaliado. Além disso, logo em seguida, a família pode procurar a ouvidoria do SUS caso perceba que houve negligência médica.

“O médico é o que chamamos de autoridade sanitária. Quando o beneficiário acredita que o trabalho realizado por essa autoridade não foi desempenhado de maneira correta, surge a ouvidoria”, ressalta.

Procurando atendimento

Em Alagoas, em casos de suspeita de dengue, o paciente deve se dirigir a qualquer unidade de saúde básica. Mas, a depender da situação, o aconselhado, segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde, Cristina Rocha, é procurar uma unidade especializada em doenças tropicais ou de emergência.

“Mas pode variar muito e, da unidade de saúde o paciente pode ser transferido para o Hospital de Doenças Tropicais ou para o Hospital Geral do Estado”, informa.

Em Maceió, diversos bairros possuem unidades básicas que podem atender pacientes com suspeita da doença. Além disso, a população pode contar com as Unidade de Pronto Atendimento do Benedito Bentes, na parte alta de Maceió, e a do Trapiche da Barra, recém-inaugurada.

Já no interior, a população pode procurar as unidades de saúde da família ou os hospitais regionais.

Especialistas alertam: hemograma não dá diagnóstico de dengue
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