Mais duas metralhadoras furtadas do Arsenal de Guerra do Exército de Barueri (SP) foram encontradas na madrugada desta quarta-feira (1º) em operação realizada em conjunto pelo Comando Militar do Leste e a Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Além das duas metralhadoras calibre .50, foi encontrado um fuzil calibre 7,62 cuja origem será investigada.
Os armamentos foram encontrados em um veículo, na avenida Lúcio Costa, altura da Praia da Reserva, na Barra da Tijuca, segundo o governo do Rio. De acordo com o secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Marcus Amim, os deslocamentos das armas realizados pelos criminosos estavam sendo monitorados pela Polícia Civil.
Segundo a Polícia Civil do Rio, o armamento estava embrulhado em um saco plástico preto dentro de um carro que pertence a Jesser Marques Fidelix. Ele é apontado pelos investigadores como o negociador das armas com o Comando Vermelho. A reportagem tenta localizar a defesa do suspeito.
Fidelix é do Espírito Santo, mora em São Paulo e atua em conjunto com o tráfico do Rio. De acordo com a polícia, ele fornece armas e drogas para as organizações criminosas que atuam na capital fluminense.
Na tarde desta terça-feira (31), agentes estiveram na casa da sogra de Fidelix onde souberam que ele havia ido para outro endereço da família, alegando que teria maior privacidade no local.
O suspeito passou a ser monitorado pela polícia desde a noite de segunda (30).
"Informações de inteligência detectaram que o armamento estava em deslocamento. Foram realizadas diversas diligências, inclusive em hotéis da zona oeste, para localizar as armas", afirmou o secretário de Polícia Civil, delegado Marcus Amim.
Fidelix não foi encontrado. Os policiais, no entanto, localizaram o carro do suspeito na avenida Lúcio Costa, na altura da praia da Reserva.
De acordo com a polícia, o veículo estava com placas clonadas, o que aumentou as suspeitas em relação à Fidelix. Os agentes revistaram o veículo e encontraram as armas em seu interior.
As metralhadoras foram encaminhadas para perícia.
O governador Cláudio Castro (PL) comemorou a apreensão. "O trabalho de inteligência identificou o trajeto dos armamentos e os agentes conseguiram recuperá-los. Vamos asfixiar financeiramente o crime organizado, sem recuar um milímetro sequer", disse, em nota.
A operação contou com a participação de policiais civis da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) e da Desarme (Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos), com apoio da Subsecretaria de Inteligência e da Inteligência do Exército.
Os detalhes da localização das armas serão divulgados na tarde desta quarta, por meio de pronunciamento oficial do Exército.
Até o momento, 19 das 21 metralhadoras furtadas foram recuperadas.
"O Exército considera o episódio inaceitável e seguirá realizando todos os esforços necessários para recuperação de todo o armamento no mais curto prazo e a responsabilidade de todos os autores", diz nota do Comando Militar do Sudeste.
Na manhã desta quarta, o Exército e a PM fazem nova operação no Jardim Vila Galvão, comunidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, em busca de informações que possam auxiliar a encontrar as últimas duas metralhadoras furtadas que continuam desaparecidas.
Trinta militares da Polícia do Exército e 15 do Comando de Operações Especiais cumprem dois mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça Militar em casas suspeitas de terem guardado os armamentos em algum momento.
Ontem, a mesma comunidade foi alvo da operação em busca de quatro metralhadoras furtadas que ainda não haviam sido encontradas.
Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em residências, mas não encontraram as armas.
Depois da operação desta madrugada no Rio, duas metralhadoras com poder antiaéreo, ou seja, que podem derrubar helicópteros, continuam desaparecidas.
APAGÃO NO QUARTEL - Segundo relatos, o furto ocorreu nas primeiras horas do feriado de 7 de Setembro, quando o quartel estava esvaziado. O circuito de energia do Arsenal de Guerra foi desligado durante alguns minutos, segundo a apuração militar, o que desativou as câmeras de segurança e o alarme do paiol, que é acionado por movimento.
O desaparecimento das armas foi notado apenas no dia 10 de outubro, quando foi verificado que o cadeado e o lacre do local haviam sido trocados.
Após a descoberta, os 480 militares do Arsenal de Guerra de São Paulo ficaram aquartelados por uma semana. A liberação foi gradual até o dia 24, quando os últimos 40 militares retidos foram autorizados a deixar o local.