Família de músico assassinado em Batalha repudia suspeitas de assédio e defende honra da vítima

Publicado em 20/09/2025, às 11h59 - Atualizado às 12h01
Antônio Florêncio foi morto no dia 18 de setembro dentro de sua casa - Foto: Reprodução
Antônio Florêncio foi morto no dia 18 de setembro dentro de sua casa - Foto: Reprodução

por Eberth Lins

Publicado em 20/09/2025, às 11h59 - Atualizado às 12h01

Familiares do músico Antônio Florêncio da Silva, de 60 anos, assassinado no município de Batalha, Sertão de Alagoas, reagiram com indignação e surpresa à informação de que uma das linhas de investigação da Polícia Civil aponta para supostos casos de assédio contra crianças como possível motivação para o crime.

Em entrevista ao TNH1, uma parente, que pediu anonimato por temer retaliações, afirmou que, além de tirarem a vida de Antônio de forma brutal, agora tentam manchar a memória de um homem íntegro, que dedicou a vida à música e construiu relações respeitosas por onde passou.

"Querem justificar o injustificável. Isso que foi dito é completamente absurdo, uma mentira sem tamanho. Eles tiraram a vida do meu tio e agora querem tirar também a honra dele. Isso dói profundamente na família", desabafou a sobrinha, emocionada ao relembrar a trajetória do tio.

Segundo ela, Antônio era músico, assim como o pai, e fazia parte de uma família tradicionalmente ligada à arte. "Durante décadas, ele não apenas se apresentou como músico, mas também ensinou música na cidade. Era casado e teve quatro filhos, dois dos quais já falecidos, um por acidente e outro por doença. Meu tio já vinha de uma vida marcada por perdas e dificuldades. Apesar disso, era uma pessoa querida e respeitada", relatou.

Conflitos com vizinho e ameaças anteriores

A família informou ainda que Antônio já havia sido ameaçado de morte por um vizinho, identificado pelos familiares como o suposto mandante do assassinato. Eles viviam em conflito havia anos por questões de convivência.

"Ele sofria de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e não podia inalar fumaça. Mesmo sabendo disso, esse vizinho fazia queimadas no quintal, o que acabava gerando brigas frequentes entre eles. Ele [o vizinho] sempre foi problemático com todos na vizinhança", contou a sobrinha.

Sobre a acusação de assédio, a família nega categoricamente e aponta um episódio que pode ter sido mal interpretado ou mesmo usado como justificativa para o crime. Segundo a parente, Antônio sofria de glaucoma avançado, condição comum em sua família, e praticamente não enxergava mais.

"Há algumas semanas, ele foi ao quintal da casa, onde existe um terreno baldio ao lado. Por não enxergar bem, foi urinar em uma área onde uma filha do vizinho também estava. Ela teria dito que ele estava se exibindo para ela, mas ele nem sabia que ela estava ali. Depois disso, o vizinho voltou a ameaçá-lo, dizendo em alto e bom som que não matava, mas mandava matar", explicou.

Antônio Florêncio foi morto no dia 18 de setembro dentro da própria casa. O corpo foi encontrado em um cômodo, com a cabeça voltada para cima, sugerindo execução. A motivação oficial do crime ainda não foi confirmada pela Polícia Civil.

Dois suspeitos foram presos após buscas na região. Um deles confessou participação no assassinato, e o outro foi capturado pouco depois, escondido às margens da rodovia AL-220.

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