Um jovem de 22 anos procurou a polícia para denunciar ter sido vítima de tortura física e psicológica praticada pela melhor amiga de infância, com quem se mudou para o Rio de Janeiro no início de 2024. O caso foi registrado na 10ª DP (Botafogo) e está sob investigação. Segundo relato do rapaz, ele era obrigado a arcar com uma dívida contraída pela amiga, de 23 anos, e a namorada dela.
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O rapaz e sua amiga viviam juntos numa casa alugada no Morro Fallet-Fogueteiro, em Santa Teresa. O jovem trabalha como entregador em Botafogo, enquanto a amiga e sua namorada — que se apresentava como cartomante — faziam atendimentos espirituais para complementar a renda.
O problema começou, conta a vítima, quando as duas acumularam cerca de R$ 14 mil em dívidas no cartão de crédito com compras de alimentos e móveis. Para quitar o valor, recorreram a um agiota e, segundo o jovem, o obrigaram a assumir a responsabilidade pelo pagamento, que teria crescido para R$ 50 mil devido a juros, com a alegação de que moravam na mesma casa.
O jovem afirma que, a partir desse momento, passou a sofrer uma rotina de agressões, torturas e ameaças.
— Ela me agredia com caco de vidro, ferro quente, faca... Eu sempre tinha que andar de blusa e calça jeans para esconder os machucados. Não podia ter rede social nem celular. Ela dizia que faria feitiço para eu morrer ou me mataria com as próprias mãos — relatou ele.
O jovem contou ainda que chegou a ser agredido após o celular quebrar:
— Ela falou que se eu quebrasse o telefone de novo iria me matar. Eu dormia apenas três horas por noite porque tinha que estar sempre trabalhando para pagar as dívidas delas.
Amigos desconfiaram e encorajaram denúncia
A situação só veio à tona quando amigos da vítima desconfiaram do comportamento dele. De acordo com o relato, a amiga do jovem controlava sua rotina por meio do GPS do celular e chegou a ir ao local de trabalho do rapaz para agredi-lo na frente de colegas.
— Ela apareceu no meu emprego e me deu um tapa na cara. Foi quando eu tirei a camiseta na frente de todo mundo e mostrei as marcas. Agora, estou na casa de um amigo. Todo o meu salário ia para a conta dela. Ontem, eu recebi meu pagamento e comprei roupas para mim. Estou tentando reconstruir minha vida com a ajuda de amigos — disse o entregador.
Natural de Goiás, mas criado em Minas Gerais, o rapaz se mudou para o Rio em fevereiro do ano passado, acompanhado da amiga, com quem tinha amizade desde a infância.
A Polícia Civil informou que a 10ª DP instaurou inquérito para apurar o caso e identificar os responsáveis. O rapaz passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML), e imagens com marcas de ferimentos circulam nas redes sociais.
A advogada do jovem, Caroline Lischt de Britto, acompanha o caso e afirma que já está reunindo provas.
— Ele fez exame de corpo de delito. Testemunhas das agressões devem ser ouvidas nos próximos dias, e temos conversas que comprovam as ameaças. Vamos buscar medidas de proteção para garantir a segurança dele — disse ela.
O EXTRA não conseguiu contato com as defesas da amiga do rapaz e sua namorada.
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