Fogo em usina nuclear da Ucrânia é controlado e tropas russas cessam ataque à instalação

Publicado em 04/03/2022, às 07h22
Imagens de câmeras de segurança mostram um clarão na Usina Nuclear de Zaporizhzhia durante bombardeio na cidade de Enerhodar, na Ucrânia, em 4 de março de 2022 | Foto: Reprodução / YouTube
Imagens de câmeras de segurança mostram um clarão na Usina Nuclear de Zaporizhzhia durante bombardeio na cidade de Enerhodar, na Ucrânia, em 4 de março de 2022 | Foto: Reprodução / YouTube

Por G1

Um bombardeio russo atingiu nesta sexta-feira (4) a região da central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, localizada no centro da Ucrânia. Houve um incêndio em um prédio onde os funcionários da usina eram treinados, informou o porta-voz da usina.

Os russos conseguiram tomar o complexo. O incêndio foi controlado, e não houve mudança nos níveis de radiação, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que esteve em contato com as autoridades ucranianas. Zaporizhzhia, construída entre 1984 e 1995 e é a maior usina nuclear na Europa e a 9ª do mundo.

A AIEA disse que essa é a primeira vez que há uma guerra em um país que tem uma rede de energia nuclear grande e estabelecida.

Há seis reatores, cada um pode gerar cerca de 950 Megawatts —no total, são cerca de 5,7 Gigawatts (como comparação, a usina hidrelétrica de Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai, tem capacidade instalada de 14 Gigawatts).

A energia gerada em Zaporizhzhia é suficiente para abastecer cerca de 4 milhões de residências, segundo o jornal “The Guardian”. Só essa usina é responsável um quinto da eletricidade do país e metade de toda a geração nuclear. A Ucrânia tem quatro usinas nucleares que, somadas, possuem 15 reatores. O complexo fica perto da cidade de Enerhodar, na beira de uma represa no rio Dnieper.

A batalha na sexta-feira - O incêndio no prédio que é usado para o treinamento do lado de fora do complexo de energia ocorreu no começo da sexta-feira na Ucrânia. A notícia surgiu inicialmente de um funcionário da usina, que publicou um texto no Telegram em que dizia que as forças russas haviam atirado contra o complexo e que havia um perigo real de um desastre nuclear.

O Ministério de Relações Externas da Ucrânia confirmou o ocorrido, e informou que havia um incêndio. Nesse momento, o ministro de Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, afirmou que se houvesse uma explosão o impacto seria dez vezes pior que o de Chernobyl, em 1986.

Depois, o Serviço de Emergência da Ucrânia afirmou que a radiação no local estava dentro dos limites normais, e que o incêndio, na verdade, aconteceu em um prédio que fica fora do complexo.

Em seguida, o Serviço de Emergência afirmou que só um dos seis reatores continuou operando, os outros foram desligados do sistema. Os russos tomaram o controle do complexo por volta das 9h de Kiev (4h de Brasília).

Risco nuclear - Com receio de um acidente, a Ucrânia alertou a (AIEA) que algo poderia acontecer antes mesmo do bombardeio, no momento em que tanques e infantaria russos estavam próximos da cidade de Enerhodar, a poucos quilômetros da central.

Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, o diretor geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, pediu a suspensão imediata do uso da força em Enerhodar e perto da central. Ele destacou que a agência continuava ajudando Kiev para garantir a segurança das instalações nucleares da Ucrânia.

Antes mesmo do anúncio de que os russos tomaram o controle do complexo, a AIEA informo que o equipamento essencial da usina não foi afetado pelo incêndio.

Para russos, sabotadores ucranianos atacaram

O Ministério de Defesa da Rússia disse que a culpa do ataque na região do complexo militar é de sabotadores ucranianos. Um porta-voz do ministério disse que a usina está operando normalmente, e que já estava sob controle russo desde o dia 28 de fevereiro.

“Na última noite, em um território adjacente à usina nuclear, houve uma tentativa de nacionalistas do regime de Kiev de tentar fazer uma provocação monstruosa”, disse Igor Konashenkov, o porta-voz. Segundo ele, a patrulha russa foi atacada por sabotadores russos no terreno ao lado do complexo.

Chernobyl também foi tomada - Em 24 de fevereiro, combates eclodiram perto da antiga central de Chernobyl, local do pior acidente nuclear da história, que agora está sob o controle das tropas russas.

Gostou? Compartilhe