Leandro dos Santos Araújo, de 23 anos, confessou ter assassinado sua sogra, Flávia dos Santos Carneiro, em um ato que descreveu como um impulso de defesa, durante seu julgamento em Maceió. O corpo da vítima foi encontrado em uma geladeira, o que gerou grande comoção entre os presentes no tribunal.
O crime ocorreu em 1º de março de 2024, e Leandro alegou que a briga começou após sua sogra o agredir com uma faca, levando-o a perder o controle e cometer o homicídio. Ademir, pai de Leandro, também está sendo julgado por ocultação de cadáver, afirmando não ter conhecimento do que havia na geladeira até ser interrogado pela polícia.
O julgamento, que inclui acusações de homicídio qualificado e feminicídio, foi suspenso para o almoço, com expectativa de que os debates entre acusação e defesa continuem à tarde. A descoberta do crime se deu após um motorista de frete denunciar o descarte da geladeira em uma área de mata, levando à investigação policial.
Leandro dos Santos Araújo, 23, assassino confesso de Flávia dos Santos Carneiro, afirmou em depoimento no júri popular que se arrepende do crime e que agiu por impulso ao "tentar se defender". O julgamento ocorre desde a manhã desta segunda-feira, 20, no Fórum do Barro Duro, em Maceió.
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Flávia dos Santos Carneiros foi morta no dia 1º de março de 2024. O corpo dela foi encontrado no dia 5 de março, dentro de uma geladeira, em uma área de mata, em Cruz das Almas, bairro litorâneo da capital.
"Eu ouvi o barulho do faqueiro e só deu tempo de me defender. Quem me conhece sabe do meu coração. Foi no impulso, de cabeça quente. [...] Eu me arrependo muito. Eu sou uma boa pessoa. Eu errei e assumo o meu erro. Se eu ouvisse mais a minha mãe... [talvez não tivesse acontecido]".
O réu voltou a assumir a autoria do assassinato. Disse que ele pagava o aluguel da casa e chegou a morar lá com a adolescente, o cunhado e a sogra. Falou que, naquele dia, a adolescente pediu para ele buscá-la no colégio.
"Nós fomos até a casa. Chegando lá, ela tomou banho. Ela disse: fique aqui, amor. Fiquei lá. Quando deu 18h e já estava indo embora, só que fui beber água. Foi quando a mãe dela chegou. Foi me xingando. Fiquei sem reação. Eu não queria brigar. Fomos no sofá e ela começou a mentir. Disse que estava muito doido no dia da briga. [...] Ela tinha ciúmes de mim, eu acho. No dia do bar, ela disse que eu estava com outra mulher".
"Do nada, ela começou a me esculhambar. Quando eu fui abraçar a Milena para ir embora, ela foi na cozinha para pegar uma faca. [...] Eu estava abraçando a Milena. Eu cheguei a dar um mata-leão e queria sair dali. [No meio da confusão] Ela meteu uma facada no meu pé. Milena pegou a faca que caiu no chão e começou a gritar. Eu perdi a cabeça e dei as facadas".
O juiz Geraldo Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital, mostrou as fotos do estado em que a vítima ficou. A família presente chorou nesse momento.
Leandro afirmou no depoimento que o pai, Ademir da Silva Araújo, foi quem tirou os compartimentos da geladeira, onde o corpo foi ocultado. Leandro deu versões também sobre o fretista que denunciou o caso à polícia e respondeu sobre a 'macumba na geladeira'.
"Eu disse ao rapaz do frete que tinha um corpo no meio do caminho. Ele disse para não o envolver, se não, iria me denunciar. [...] [Macumba] Ele quem inventou isso. Deve ter sido da cabeça dele".
Depoimento de Ademir da Silva Araújo
Pai de Leandro, Ademir também está sendo julgado por ocultação de cadáver, pois ajudou o filho na remoção do corpo da vítima. O juiz perguntou se ele entrou no carro com o filho, ele disse que sim e respondeu que levariam a geladeira para a casa do irmão da vítima.
Ademir contradisse ainda a afirmação do filho sobre o fretista.
"O fretista não sabia [que tinha um corpo]. Foi o meu filho que falou da macumba".
Ademir disse ainda que não tinha conhecimento sobre o que tinha dentro da geladeira até o momento em que depôs na polícia.
"Entrei no carro. A gente ia deixar a geladeira na casa do irmão da vítima, mas não deixamos para descartar. Ajudei a pegar a geladeira e peguei a parte mais pesada. A gente arremessou a geladeira. Não perguntei ao meu filho o que estava dentro. Descobri no depoimento".
O julgamento foi suspenso para que todos pudessem almoçar por volta das 13h. A expectativa é que os debates entre acusação e defesa avancem pelo período da tarde. O promotor de Justiça Marcus Mousinho, da 49ª Promotoria de Justiça da Capital, sustenta a tese de homicídio triplamente qualificado: motivo fútil, meio cruel e feminicídio, além de crime por ocultação de cadáver.
Descoberta do caso
O crime foi descoberto após um motorista de transporte por frete denunciar que havia levado pai e filho até a área de mata, em Guaxuma, onde uma geladeira foi jogada em uma ribanceira com um corpo dentro.
A testemunha relatou à polícia que havia sido contratada em uma noite para fazer a mudança entre dois endereços no Jacintinho.
Já na manhã seguinte, o condutor de serviços de frete foi novamente procurado pelo homem que o contratou, desta vez para levar uma geladeira até o bairro do Benedito Bentes. Porém, os dois acusados desistiram e resolveram abandonar a geladeira.
A filha da vítima confessou participação no assassinato da mãe e disse que ela foi morta pelo casal no dia 1º de março daquele ano. Dias antes do crime, eles teriam alugado uma casa no Benedito Bentes, onde foram dormir juntos logo após o assassinato.
O pai de Leandro não teria participado da morte, porém teria conhecimento do crime e ajudado o filho a descartar a geladeira na região de mata.
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