Três freiras austríacas, Irmã Bernadette, Irmã Regina e Irmã Rita, foram removidas à força de seu convento em dezembro de 2023, após a Arquidiocese de Salzburgo assumir o Castelo de Goldenstein, onde viveram por décadas, resultando em um conflito com a Igreja Católica.
As freiras, que alegam ter condições de saúde que não justificam a remoção, conseguiram retornar ao convento em setembro de 2024 com a ajuda de ex-alunos, gerando reações mistas entre a comunidade e a Igreja.
Atualmente, as irmãs estão restabelecendo serviços básicos no convento e ganhando apoio nas redes sociais, onde compartilham sua rotina e recebem incentivos da comunidade, desafiando normas de discriminação etária e promovendo uma imagem de empoderamento feminino na Igreja.
Três freiras da Áustria vivem uma história digna de filme. Elas afirmam ter sido retiradas à força do convento, onde serviram a vida inteira, em dezembro de 2023. A Irmã Bernadette, de 88 anos, a Irmã Regina, de 86, e a Irmã Rita, de 82, foram removidas do seu lar católico em dezembro de 2023, para um asilo, contra a vontade delas.
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O trio explicou em entrevista à BBC que, em 2022, o Castelo de Goldenstein, onde elas viveram grande parte de suas vidas, foi assumido pela Arquidiocese de Salzburgo e pela Abadia de Reichersberg, um mosteiro agostiniano. Com isso, o reitor Markus Grasl, da abadia, se tornou superior das irmãs.
No início de 2024, a comunidade do Castelo de Goldenstein foi dissolvida e, às freiras que puderam comprovar sua saúde e capacidade mental, foi concedida a possibilidade de ficar permanentemente no local.
No entanto, em setembro deste ano, após um "ato de rebeldia", as três irmãs recuperaram o acesso ao castelo com a ajuda de ex-alunos e de um chaveiro. O gesto provocou ira na Igreja Católica, mas plena satisfação às mulheres. "Fui obediente a vida toda, mas isso foi demais", revelou a Irmã Bernadette.
"Estou tão feliz por estar em casa", disse a Irmã Rita. "Eu sempre sentia saudades de casa no asilo. Estou muito feliz e grata por estar de volta", acrescentou. Em comunicado, o reitor Grasl disse que a decisão das freiras de retornar ao convento era "completamente incompreensível".
De acordo com o reitor, as "condições precárias de saúde" das freiras significavam "que a vida independente no Convento de Goldenstein não era mais possível" e que o lar de idosos lhes proporcionou "cuidados médicos absolutamente essenciais, profissionais e de qualidade".
Aos poucos, os serviços de eletricidade e água foram restabelecidos e as irmãs estão sendo ajudadas com alimentos e mantimentos por pessoas próximas, incluindo ex-alunos.
O castelo funcionava como convento e escola particular para meninas desde 1877. Em 2017, o local passou a aceitar meninos, e permanece funcionando como uma instituição de ensino.
Em entrevista recente ao portal austríaco Krone, as freiras afirmaram que se recusaram a assinar um acordo com suas superioras religiosas. O documento deveria garantir a permanência das irmãs no antigo convento, mas ainda não foi acatado 100% por elas, por não ter aceitação do reitor.
Enquanto isso, as freiras de Goldenstein mostram a sua rotina de coragem e bravura nas redes sociais, e já somam mais de 100 mil seguidores no Instagram. Em um dos vídeos publicados pelas freiras, a irmã Rita aparece fazendo exercícios físicos.
"Irmã Rita mantém-se em forma como sempre. Irmã Rita vem de uma fazenda e está acostumada ao trabalho duro desde a infância. É por isso que ela ainda treina especialmente aos 82 anos", escreveu o perfil.
O ato de coragem das irmãs ganhou força da comunidade local e de internautas. "Três mulheres de honra estão de pé - e com elas algo muito maior está de pé. Eles não são apenas vítimas de discriminação etária.
Elas são mulheres educadas e fortes que estão confrontando a dominação masculina na Igreja - um domínio que silenciou e oprimiu as mulheres durante séculos", escreveu um usuário do Instagram.
"As lindas freiras representam uma Igreja como nós gostaríamos que elas fossem", comentou outro. "A igreja deveria estar contente por ter três mulheres tão grandes em público. Isso só pode trazer o bem para a comunidade. Continuem, nós amamos vocês", elogiou uma internauta.
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