Um esquema criminoso denominado Máfia das Funerárias, existente há 30 anos no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, foi desarticulado na noite dessa quarta-feira (06), pela Polícia Civil.
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De acordo com a investigação, detalhada nesta quinta à imprensa em entrevista coletiva, donos e prestadores de serviços de funerárias da Capital faziam rodízio de plantão, dentro do hospital, para captar clientes.
No necrotério do próprio HGE, eles faziam a higienização do cadáver, utilizando material e equipamentos da unidade de saúde, e encaminhavam os corpos para a empresa escolhida.
A investigação foi iniciada em dezembro do ano passado após requerimento do Ministério Público Estadual (MPE), que recebeu denúncia de servidores do HGE.
Foram presas treze pessoas na noite de ontem: Marcelo Lúcio Santos Costa, 38 anos; Robson Tadeu Silva Costa, 63; Maria Cícera dos Santos Lima, 47; Moacir Correia de Araújo Filho, 52; Udson Soares de Menezes, 30; Liane Régis Lins, 36; José Luiz de Souza, 61; José Eduardo Maia, 44; Adeilton Antônio da Silva, 58; José Carlos Santos Costa, 46 – esses, donos de funerárias.
E ainda os três autônomos: Rogério Regueira Teixeira de Miranda, 34; Rogério dos Santos Costa, 38, e Marcelo Filipe da Silva, 33.
Assista:
De acordo com o delegado Acácio Júnior, da Divisão Especial de Investigação e Captura (Deic), ainda está sendo apurada a participação de servidores, principalmente, de gestões passadas do hospital.
“Até quem não é polícia imagina que algum servidor do HGE tenha conivência. Isso não é descartado. Se alguém do corpo do HGE tiver participação vou indiciar”, declarou.
O delegado Ronilson Medeiros, também da Deic, acrescentou: “Investigamos como essas pessoas adquiriram fardamentos. Alguns membros que trabalham hoje no HGE devem ter conivência. A investigação continua e pode chegar também aos planos funerários”, revelou.
O esquema
Dos 13 presos, 10 são proprietários de funerárias e três faziam a captação de forma autônoma, como prestadores de serviço. Eles recebiam das funerárias entre R$ 60 e R$ 100 por plantão.
O delegado Acácio Júnior revelou que obteve documentos que comprovam a existência da escala. “Ontem, ao chegar ao HGE, vi pessoas com o fardamento do hospital. Perguntei se faziam parte do corpo do HGE e, inicialmente, falaram que sim. Mas, após algumas perguntas, revelaram que não eram funcionários, que ganhavam comissão das funerárias. A função deles era higienizar os cadáveres para sepultamento. As famílias, já fragilizadas, não tinham escolha”, disse.
Ainda segundo a polícia, outras doze pessoas faziam parte do esquema e podem ser presas.
O inquérito será encerrado em dez dias e os presos serão indiciados por estelionato, crime contra economia popular (por manterem uma espécie de cartel), crime ambiental (pelo acondicionamento de formol de forma irregular”, e usurpação do exercício de função em repartição pública.
“Agora, as famílias terão livre arbítrio de escolher a funerária e isso não vai acontecer dentro do HGE”, disse Ronilson Medeiros.
Sem conhecimento
A diretora do HGE, Verônica Omena, disse em depoimento que o HGE não tinha controle sobre os fardamentos usados pelas pessoas que se passavam por funcionários.
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