A Polícia Civil indiciou na terça-feira (14) a irmã gêmea da "serial killer" acusada de envenenar e matar quatro pessoas, entre janeiro e maio, nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Roberta Cristina Veloso Fernandes, de 36 anos, foi interrogada no 1º Distrito Policial (DP) de Guarulhos, na Grande São Paulo, onde também acabou responsabilizada criminalmente pelos quatro homicídios. Ela é suspeita de ajudar a irmã Ana Paula Veloso Fernandes a cometer os assassinatos.
Ana Paula é universitária e apontada pela investigação como assassina em série. De acordo com a polícia, a estudante de direito contou também com a ajuda de Michelle Paiva da Silva, de 43 anos, filha de uma das vítimas, nos homicídios. Ela também está presa.
Defesa das irmãs
Roberta foi presa em agosto pela polícia. Ana Paula foi detida em julho e já foi interrogada. A universitária é ré na Justiça por todos os homicídios.
A defesa das irmãs informou que ainda não há provas concretas do envolvimento de seus clientes nos crimes pelos quais elas são acusadas.
"Reconhecemos a gravidade dos fatos investigados e a comoção social que geram. No entanto, o dever desta defesa é acompanhar a investigação com a seriedade e a discrição exigidas, zelando estritamente pelos direitos de Ana Paula. Nesta fase, em que as provas ainda estão sendo formadas e examinadas, não é possível (e seria temerário) afirmar ou negar categoricamente qualquer tese defensiva", informa trecho da nota do advogado Almir da Silva Sobra, que defende Roberta e Ana Paula.
O g1 não conseguiu localizar a defesa de Michelle para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.
Laudo aponta 'chumbinho'
Laudo da Polícia Técnico-Científica confirmou a presença de inseticida em grãos em um frasco transparente de vidro apreendido na casa onde a "serial killer" mora em Guarulhos.
Segundo a Polícia Civil, o objetivo da universitária era ficar com os bens e dinheiro das vítimas.
Documento do Instituto de Criminalística (IC) informa que o veneno identificado na perícia tem a substância "terbufós" - composto químico usado na agricultura contra insetos. Sua venda é permitida no Brasil. Mas seres humanos e animais não podem ter contato com o produto sob o risco de intoxicação e até morte.
A Polícia Civil investiga se Ana Paula usou esse agrotóxico em lanche, bolo, feijão e milkshake para envenenar as vítimas. A universitária é ré na Justiça pelos assassinatos de Marcelo Hari Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Neil Corrêa da Silva e Hayder Mhazres.
Todas as quatro vítimas morreram com edemas nos pulmões e outros sinais internos característicos de envenenamento, segundo as autoridades. Três dos quatro corpos foram exumados para análise pericial complementar.
Exames periciais
O 1º DP de Guarulhos aguarda outros exames periciais para saber se o veneno encontrado na casa da assassina em série também foi usado para matar as quatro vítimas. Ou se outra substância foi dada a elas. Os resultados ainda não ficaram prontos.
"Nossa investigação nos levou a crer que Ana Paula matou quatro pessoas envenenadas", disse ao g1 o delegado Halisson Ideiao Leite, que apura o caso. "Aguardamos os exames para saber qual substância ou quais substâncias foram usadas."
O que as vítimas comeram antes de morrer
Veja abaixo, segundo a investigação, quem são as quatro vítimas, o que cada uma comeu antes de morrer, quando faleceram e onde:
Polícia, MP e Justiça
Em todos esses casos acima, Ana Paula estava com as vítimas ou procurou a polícia para contar sobre as mortes delas. Isso acabou chamando a atenção dos policiais, que passaram a desconfiar da universitária.
A Justiça ainda não marcou a audiência para decidir se leva Ana Paula a júri popular pelos assassinatos. O Ministério Público (MP) deverá denunciar Roberta também pelas quatro mortes, mas como coautora dos crimes. Sobre Michelle, a Promotoria deverá acusá-la por ter participado do homicídio do seu pai.
As três presas continuam sendo investigadas pela Polícia Civil, que apura se há mais vítimas. Ana Paula está presa preventivamente numa unidade prisional na capital paulista. Roberta e Michelle estão detidas temporariamente em presídios de Guarulhos.
LEIA MAIS
+Lidas