O enfermeiro Ítalo Fernando de Melo foi assassinado a tiros em um motel em Arapiraca, Alagoas, e um policial militar foi preso como principal suspeito, possivelmente motivado por um relacionamento extraconjugal entre a vítima e a esposa do militar.
Investigações indicam que um aparelho de GPS clandestino no carro da mulher pode ter permitido ao suspeito localizar o motel e o quarto exato onde o crime ocorreu, levantando questões sobre a dinâmica do relacionamento entre os envolvidos.
O policial, que optou por permanecer em silêncio durante o interrogatório, foi levado à Penitenciária Militar, enquanto a Polícia Civil continua a investigar o caso, incluindo a análise de evidências e depoimentos para esclarecer os detalhes do crime.
O delegado Flávio Dutra, da Polícia Civil de Alagoas, repassou novas informações sobre a morte do enfermeiro Ítalo Fernando de Melo, morto a tiros em um quarto de motel, na madrugada do último domingo, 14, em Arapiraca, Agreste alagoano. Um policial militar foi preso por suspeita de cometer o homicídio. A mulher que estava no motel com a vítima seria esposa do militar e estaria em um relacionamento extraconjugal.
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Ao Fique Alerta, Dutra afirmou que um aparelho de GPS (sistema de posicionamento global) colocado de maneira clandestina no carro da mulher, que também é enfermeira, pode ter dado a localização exata de onde ela estava.
"A possibilidade desse GPS ter sido implantado de maneira clandestina foi questionada a ela durante o depoimento, ela afirmou que realmente não sabia desse aparelho colocado no carro, que a gente comumente chama de 'carrapato'. Isso aí foi onde deu a localização exata para que o suposto autor chegasse até o motel e fosse diretamente ao quarto e efetuasse os disparos".
Ítalo tinha 33 anos e atuava como socorrista em Alagoas. As primeiras informações apontam que ele e a mulher do militar trabalhavam como enfermeiros em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Arapiraca.
"Em depoimento, ela realmente confirmou que havia chegado ao motel por volta das 22h com a vítima, o Ítalo, e que acabou pegando no sono. Por volta de 1h da manhã, acabou acordando com uma pessoa de capacete entrando no local, efetuando diversos disparos de arma de fogo e afirmou para ela que não tinha nada a ver com ela, e ela acabou correndo e se trancando dentro do banheiro. Só saiu depois que teve a certeza que a pessoa se evadiu do local", contou o delegado.
Ao ser preso, o policial militar não quis falar com os investigadores. "Como a questão do interrogatório é uma oportunidade de defesa do suposto autor, ele pode fazer uso ou não da palavra. No caso, ele decidiu fazer uso do seu direito constitucional ao silêncio e preferiu falar apenas no Judiciário".
Vídeo da invasão
Imagens de câmera de segurança mostram o momento da invasão do companheiro da mulher ao local. No primeiro momento, às 21h43 de sábado, 13, a dupla de enfermeiros entrou no estabelecimento em Jeep Renegade, de cor vermelha, conduzido pela mulher. No banco do passageiro, estava o enfermeiro.
"A partir do momento, pelas horas, entre ela dar entrada no motel até o momento em que ele (suspeito) chega, dá mais ou menos duas horas e meia. Que talvez seja porque ele estava de plantão, enfim, o delegado Everton Gonçalves vai adentrar nessa situação. A questão dele chegar e já ir diretamente ao quarto em que ela estava, efetuar os disparos e se evadir, foi uma coisa muito rápida, onde a pessoa realmente deveria saber onde essa vítima estava alojada".
No momento seguinte, à 00h57 do domingo, 14, o suspeito entrou no motel em motocicleta. Ele passou a andar de quarto em quarto procurando pelos enfermeiros.
"Pelas imagens que percebemos sobre a moto, a gente vê que foi a pessoa que efetuou os disparos. No momento da fuga, ele acabou tentando pedir para o recepcionista abrir o portão da saída, o recepcionista não abriu e ele danificou o portão para efetuar a fuga. Já em relação ao Jeep vermelho, acreditamos que tenha sito também a vítima que saiu, porque ela afirma que chamou a recepção e, quando a recepção chegou para verificar os fatos, ela acabou saindo, com medo daquele seu lado pessoal ser exposto. O que acabou sendo exposto por conta da repercussão que se deu esse crime em âmbito estadual. (E a recepção acionou a polícia?) Exatamente".
O militar, que não teve a identidade divulgada oficialmente, foi conduzido à Central de Polícia de Arapiraca para prestar depoimento e, em seguida, encaminhado à Penitenciária Militar, em Maceió.
O caso seguirá sob investigação da Polícia Civil para o completo esclarecimento dos fatos.
"O procedimento foi feito pela Central de Flagrantes. O caso foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da 4ª Região, onde o delegado responsável vai decidir quais são os próximos passos da investigação, quem mais poderá ser ouvido, receber a perícia das cápsulas encontradas no local do crime, para compará-la com a arma de fogo que foi tirada do policial militar, para colocá-lo ou retirá-lo ali da cena do crime", disse Dutra.
Violência doméstica
O delegado também esclareceu que, até o momento do crime, não havia nenhum indício de violência doméstica entre o militar e a esposa.
"(Tinha histórico de violência do marido com a mulher?) Não. Essa questão foi perguntada a várias testemunhas, as pessoas falaram que não havia nenhum tipo de histórico. A questão dele ter colocado GPS aparentemente faz a gente supor que, sim, existia um tipo de desconfiança de relacionamento extraconjugal. Mas essa questão mais aprofundada vai ficar para o seguimento, para que o delegado Everton dê um encaminhamento melhor a essas situações".
Moto roubada?
Outro ponto inicialmente abordado seria uma suposta versão de que a motocicleta que aparece no circuito interno do motel teria sido roubada.
"Então, aventaram essa possibilidade, mas já foi checado e realmente não há nenhum indício de roubo dessa moto. A moto teria sido usada realmente pelo suposto autor".
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