A Polícia Civil de Alagoas investiga a participação de policiais na morte do empresário Henrique Ramos Oliveira, executado a tiros em um canavial, em abril deste ano, na cidade de São Luís do Quitunde, após ser torturado e ter a casa invadida, em São Miguel dos Milagres.
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A informação foi confirmada pelo TNH1 por uma fonte, que pediu para não ser identificada, mas que confirmou que o homem preso acusado de ser o autor intelectual da morte do empresário, identificado como “Zeca do Lero”, seria José Aurélio Gomes, de 45 anos. Ele seria pai de uma adolescente, de 15 anos, com quem o empresário mantinha um relacionamento.
O TNH1 teve acesso à denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE), por meio do promotor Thiago Chacon Delgado, onde consta a informação de que a casa de Henrique foi invadida por homens que portavam armas e vestes de uso da polícia e que se identificaram como policiais, dando a entender que a ação se tratava de uma operação.
“O grupo criminoso, em um contexto de extrema violência, invadiu a residência da vítima, por volta da 00h00 do dia do fato, rendendo-a, junto a Adriano Admilson Adelino da Silva, amigo e funcionário do estabelecimento de Henrique, portando armas e utilizando balaclavas, botas (coturnos) e coletes, utensílios específicos da polícia, tudo para dar aparência de operação policial àquela ação brutal e organizada, se identificando como policiais para conseguir ter acesso ao interior do estabelecimento”, relata.

Suspeita de milícia
A denúncia também descreve o perfil de José Aurélio, o Zeca do Lero, pai da adolescente, que segundo o MP, morava nos fundos da casa de Henrique. Há suspeita de que ele tenha envolvimento em uma espécie de milícia.
“Zeca do Lero, pai da adolescente, já era bastante temido na região, por ser violento e vingativo, com relatos, inclusive, de já ter ameaçado, com arma de fogo, um suposto namorado de sua filha, por considerá-la muito jovem. Esta fama foi confirmada por equipes da inteligência da Polícia Civil, inclusive com fortes indícios de participação em outros crimes com características de milícia ou grupo paramilitar para ‘limpeza da região’ sobretudo contra traficantes e usuários de drogas, sendo mencionada, durante a investigação, a participação de outros ex-policiais e até políticos da região”, diz um trecho da denúncia.
Motivação
O documento de autoria do promotor dá detalhes da sessão de tortura à qual a vítima foi submetida antes de ser executada, mas em respeito à família o TNH1 não trará detalhes dos atos.
A motivação para o crime, ainda conforme a investigação, pode estar relacionada ao fato de Henrique ter "espalhado" na cidade que manteve relações sexuais com a jovem.
A reportagem tentou contato com o delegado que investiga o crime, Felipe Caldas, mas ele não atendeu às ligações. O advogado da família de Henrique Ramos Oliveira, Thiago Mota, disse estar proibido de comentar o caso que corre em segredo de justiça.
“Já vinha acompanhando todo o trabalho da polícia, que estão avançados para identificar a autoria, material e intelectual, do crime. A família espera que o caso seja elucidado o quanto antes e que os responsáveis sejam punidos”, disse o advogado.
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