A Polícia Civil do Distrito Federal, com apoio da Interpol, prendeu, nesta sexta-feira (2), dois homens em Lisboa, em Portugal, suspeitos de aplicar golpes em brasileiros. De acordo com a investigação, os criminosos se inspiraram no filme O lobo de Wall Street.
Além dos dois mandados de prisão preventiva, houve bloqueio de contas bancárias e de criptoativos. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), por determinação da Justiça, também bloqueou os acessos dos sites dos criminosos a partir do território nacional.
Os suspeitos presos estavam na lista de procurados da Interpol. Essa é a segunda fase da operação Difusão Vermelha, deflagrada em março, que resultou na prisão de cinco pessoas em Lisboa, Alemanha e República Theca, investigados por falsos investimentos em Forex e Day Trade.
Os criminosos, segundo a investigação, embora sediados em Portugal, buscavam vítimas no Brasil. Com as prisões na primeira etapa da operação, a polícia informou que o gripo tentou se reestruturar. Eles fizeram a substituição dos líderes presos e iniciaram as atividades (veja abaixo como funcionava o esquema). O nome dos investigados não foi divulgado.
Um dos presos desta sexta ligava para vítimas do Brasil e se identificava como analista de investimento. No entanto, a investigação identificou que ele usava um nome falso e que lavava o dinheiro por meio de uma banda de samba em um restaurante em Portugal.
O outro suspeito preso era um dos gerentes do esquema. Segundo a 9ª Delegacia de Polícia, no Lago Norte, com essa nova etapa da operação, o grupo foi desarticulado “de maneira irreversível".
Como o esquema começou - De acordo com as investigações, um homem de nacionalidade tcheca abriu uma empresa de fachada em Lisboa, que funcionaria, supostamente, como uma empresa de publicidade. No entanto, o suspeito realizava a venda de falsos investimentos por meio de empresas fantasmas de corretagem.
A Polícia Civil afirma que ele empregava centenas de brasileiros que, sem opção de emprego, aceitavam participar do esquema. A contratação de brasileiros ocorria porque o suspeito precisava de pessoas que falassem português fluente para assediar vítimas, exclusivamente, do Brasil.
Os investigadores apontam que os investigados acreditavam que as autoridades brasileiras teriam maior dificuldade de desarticular o esquema do que polícias de países como Estados Unidos e de Portugal.
Para enganar as vítimas, os suspeitos usavam mecanismos que mascaravam os números internacionais e simulavam ligações com o DDD do Distrito Federal. Dessa forma, segundo as investigações, conseguiam com que as vítimas atendessem as ligações.
Vítimas - Os brasileiros contratados pela empresa de fachada usavam diversos argumentos para convencer as vítimas de fazerem aplicações que gerariam altas rentabilidades. No entanto, elas perdiam tudo e eram aconselhadas a fazer novos investimentos para recuperar os valores.
Em seguida, quando as vítimas já tinham perdido grandes quantias, os suspeitos cortavam o contato telefônico. A Polícia Civil identificou, pelo menos, 945 pessoas que caíram no golpe. Algumas delas chegaram a perder R$ 1,5 milhão.
Incentivo aos golpes - Durante as investigações, foi constatado que havia premiações para os melhores "vendedores" e ostentação de riqueza. Em grupos de WhatsApp, os "gerentes" incentivavam que os demais envolvidos assistissem o filme "O Lobo de Wall Street", protagonizado pelo ator Leonardo DiCaprio.
No longa metragem, os personagens participam de um esquema para enriquecer rapidamente. Além disso, o lema na empresa era “Pensem em vocês e em suas famílias, esqueçam as vítimas”.