Irmã de médico suspeito de matar esposa também morreu após ingerir chumbinho, aponta laudo

Publicado em 18/06/2025, às 22h41
Foto: Reprodução/IPTV
Foto: Reprodução/IPTV

Por Francisco Lima Neto/FolhaPress

Nathalia Garnica, 42, irmã do médico Luiz Antonio Garnica, 38, preso sob suspeita de matar a mulher envenenada com chumbinho, em Ribeirão Preto, também morreu depois de ingerir o veneno, de acordo com laudo do IML (Instituto Médico Legal).


A Folha de S.Paulo apurou que o veneno foi encontrado no pulmão, estômago e fígado de Nathalia. A substância é diferente daquela encontrada no corpo de Larrisa Talle Leôncio Rodrigues, 37, mulher do médico, que morreu em março.


O veneno encontrado no corpo da irmã do médico é o carbofurano, enquanto o verificado no cadáver de Larissa dele é o aldicarb. Apesar de substâncias diferentes, ambas são chumbinhos e causam os mesmos efeitos, como náuseas, tonturas e morte.


Nathalia morreu de infarto em fevereiro, apenas um mês antes da cunhada, o que chamou atenção dos investigadores, que decidiram pedir a exumação do corpo dela para descobrir se também havia sinais de envenenamento.


A exumação ocorreu em 23 de maio, no cemitério de Pontal, onde Nathalia foi sepultada.
O laudo ainda será contextualizado com informações técnicas e assinado pelo médico responsável antes de ser enviado à Polícia Civil.


O médico e a mãe dele, Elizabete Arrabaça, 67, foram presos em 6 de maio, em Ribeirão Preto, sob a suspeita de participação na morte de Larissa, encontrada em seu apartamento em 22 de março. Ambos afirmam inocência.


No início de maio, Elizabete divulgou carta de próprio punho em que relata que a filha teria ingerido o mesmo veneno que a nora.


Na carta, ela disse que a filha havia comentado que várias pessoas com chácaras em Pontal tinham pedido para Nathalia conseguir veneno para ratos, que estavam aparecendo com frequência na região.


Nathalia era chefe da Vigilância Sanitária de Pontal e teria conseguido dois vidrinhos de chumbinho, de acordo com a mãe.


Elizabete afirmou que colocou os recipientes na bolsa, junto com remédios como dipirona e omeprazol. Ela disse não estar bem no dia que foi ao apartamento de Larissa e que tomou duas cápsulas de omeprazol. A nora teria pedido para tomar também, para ver se melhorava do estômago.


A mãe do médico diz que alguém, que ela não sabe quem, teria colocado o chumbinho no vidro de um dos remédios que ela levava na bolsa.


Em entrevista à EPTV, afiliado local da TV Globo, o promotor de Justiça Marcus Tulio Nicolino afirmou que a carta é uma confissão do crime.


"Se ela tinha o objetivo de dizer que não tinha nada a ver com isso, agora, pelo contrário, ela efetivamente demonstrou que forneceu o veneno para a Larissa", afirmou o promotor.


A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que as investigações seguem em andamento e que o delegado aguarda o resultado do laudo toxicológico de Nathalia.


O advogado Bruno Correa Ribeiro, que defende Elizabete, disse que ainda não teve acesso ao laudo da morte de Nathalia, mas que a cliente alega inocência e não ter relação com a morte da filha e da nora.


Ele afirmou que impetrou um pedido de habeas corpus solicitando a liberdade plena ou prisão domiciliar para Elizabete, que, segundo ele, tem vários problemas de saúde. O pedido ainda não foi julgado.


O advogado do médico, Júlio Mossin, afirmou que ele é inocente e que a mãe é a responsável pelas duas mortes, conforme carta divulgada por ela. Mossin afirmou que pediu habeas corpus, que ainda não foi julgado.

Gostou? Compartilhe