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Jovem torturado em guerra de gangues já foi campeão brasileiro de surf

04/09/17 - 16h00
Divulgação

Campeão Invicto Brasileiro de Surf. Esse título importante no cenário do surf nacional é do jovem alagoano J.W.F.R, de apenas 16 anos, encontrado amarrado, com marcas de tiro e torturado, no final da manhã desta segunda-feira, 04, no Pontal da Barra, em Maceió. A ocorrência foi registrada por agentes do Pelotão Aquático, do Batalhão Ambiental (BPA).

O adolescente ganhou, no ano de 2015, o Circuito Brasileiro Sub-14 e venceu todas as etapas da competição, ultrapassando atletas de cidades brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo, que têm estruturas mais amplas para abrigar surfistas profissionais.

O amigo e que também já foi um dos patrocinadores do garoto, Paulo Marinho, mais conhecido como Marinho Shaper, disse ao Portal TNH1, que J.W.F.R é reconhecidamente um dos mais promissores jovens surfistas de Alagoas. O ex-campeão abandonou o esporte há cerca de seis meses por possível envolvivemento com drogas.

“Antes da decisão de deixar o surf, ele foi sensibilizado por apelos de vários amigos dos cenários nacional e internacional da modalidade, como Julio César, Filipe Toledo e Michael Rodrigues, que têm muito apreço e admiração pelo jovem alagoano. Eles chegaram a se manifestar por meio de vídeos para incentivar a volta dele ao esporte”.

“Ele é muito querido e conhecido por atletas do país todo. Tinha muitos patrocinadores. Eu era quem fabricava as pranchas dele. J.W.F.R era bem aceito por todos e tinha mais visibilidade em outros estados do que aqui”, explicou.

“Eu o ajudei muito, mas chega um dia em que a gente percebe que só está dando murro em ponta de faca. Eu fiz o que estava ao meu alcance, e o tio dele também se esforçou muito. Foram várias oportunidades dadas a ele. Infelizmente é mais um que vira estatística no mundo da violência”, lamentou o amigo da vítima, Paulo Marinho.

O caso

O adolescente J.W.F.R, de 16 anos, foi resgatado na manhã desta segunda-feira, 04, por policiais do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), em uma ilha localizada no bairro do Pontal da Barra, em Maceió. Ele foi encontrado com as mãos amarradas, um dos dedos decepados e com quatro tiros na perna direita.

De acordo com informações do subtenente Brandão, do BPA, o menor estava jogando bola, na tarde de ontem (03), em um campo no Conjunto Joaquim Leão, parte baixa de Maceió, quando foi abordado por dois rapazes armados.

Os suspeitos o teriam levado até a margem da Lagoa Mundaú e efetuado disparos de arma de fogo. Ainda segundo a polícia, após isso, J.W.F.R desmaiou e foi levado pelos agressores até uma embarcação, onde foi torturado.

“Quando o garoto acordou, ele percebeu que iriam cortar um segundo dedo de sua mão e pulou na lagoa. Nadou por debaixo d’água até a margem, quando foi encontrado por pescadores da região do Pontal”, explicou o subtenente Brandão, do BPA.

O jovem estava passando um tempo com a mãe que reside no Conjunto Joaquim Leão, mas a vítima mora com um tio - pai de consideração - no município de Marechal Deodoro, litoral sul de Alagoas.

De acordo com a polícia, J.W.F.R reconhece os homens que o torturaram. O ex-atleta, durante depoimento, também informou que não tem nenhum envolvimento com gangues.

O motivo do ato violento, segundo os policiais, seria uma rixa entre gangues do Conjunto Joaquim Leão, em Maceió, e da cidade de Marechal Deodoro.

O adolescente não tem antecedentes criminais.

Boletim Médico

A polícia encaminhou J.W.F.R para o Hospital Geral do Estado (HGE). Os tiros de arma de fogo atingiram a perna e o ombro do lado direito e dois dedos de cada mão. O indicador esquerdo chegou a ser decepado.

A vítima se encontra em observação na área vermelha, sob cuidados da ortopedia. O adolescente vai ser submetido a uma avaliação médica para saber se passará por cirurgia. O estado de saúde é estável.