Justiça encontra apenas R$ 20 mil em contas de alagoano apontado como chefe de esquema de R$ 1,5 bi

Publicado em 10/11/2025, às 11h04
Reprodução/Redes sociais e Reprodução/Fantástico
Reprodução/Redes sociais e Reprodução/Fantástico

por Pedro Acioli*

Publicado em 10/11/2025, às 11h04

A Justiça Federal solicitou o bloqueio de R$ 1,5 bilhão de envolvidos na Operação Rejeito, que investiga um esquema de corrupção no setor de mineração em Minas Gerais, mas apenas R$ 27 milhões foram encontrados nas contas dos suspeitos, incluindo Alan Cavalcante, que tinha apenas R$ 20 mil.

As investigações revelaram que o esquema movimentou cerca de R$ 1,5 bilhão, com Cavalcante recebendo mais de R$ 225 milhões entre 2019 e 2024, enquanto dez empresas investigadas estavam com contas zeradas, indicando que eram de fachada para facilitar a lavagem de dinheiro.

Após a operação da PF em 17 de setembro, os bancos atenderam ao bloqueio, mas a apuração continua, já que projetos vinculados ao grupo têm potencial econômico superior a R$ 18 bilhões, e a organização é acusada de corromper servidores para obter licenças ambientais fraudulentas e explorar minério de ferro irregularmente.

Resumo gerado por IA

A Justiça Federal pediu o bloqueio de 1,5 bilhão dos envolvidos da Operação Rejeito, investigados por esquema de corrupção no setor de mineração em Minas Gerais e na ANM (Agência Nacional de Mineração). Mas, do montante apenas cerca de 1,8% foram encontrados nas contas dos suspeitos, equivalente a R$ 27 milhões. O alagoano Alan Cavalcante, empresário suspeito de chefiar o grupo criminoso, tinha apenas R$ 20 mil na conta. As informações são do UOL. 

O esquema teria movimentado cerca de R$ 1,5 bilhão e as investigações apontam que somente Alan Cavalcante, por exemplo, teria recebido mais de R$ 225 milhões de empresas envolvidas no esquema entre dezembro de 2019 e dezembro de 2024, valor bastante superior ao que foi encontrado. 

Os bancos atenderam à ordem da Justiça Federal logo após a realização da operação da PF, no dia 17 de setembro deste ano. No entanto, tanto as contas dos supostos integrantes do grupo criminoso, quanto as das empresas tinham valores ínfimos em relação ao montante movimentado pelo grupo durante todo o período do esquema. 

As instituições financeiras informaram que dez empresas investigadas não possuíam recursos e estavam com as contas zeradas. A apuração revelou que as empresas eram de fachadas e utilizadas apenas para servirem como passagem do dinheiro para os depósitos chegarem aos investigados. 

O valor R$1,5 bi seria relacionado ao lucro que a organização teve com as práticas criminosas. No entanto, durante as investigações foram identificados projetos em andamento vinculados ao grupo com potencial econômico superior a R$18 bilhões.

Quem é Alan Cavalcante? 

Alan tem uma mansão de três andares localizada em um condomínio de luxo no município de Marechal Deodoro, na Região Metropolitana de Maceió, capital de Alagoas. Ele é conhecido por promover três semanas de festa, com direito a pool party e passeios de catamarã. 

Uma das festas mais famosas que gosta de promover é a de Réveillon, quando cerca de quinhentos convidados costumam assistir a shows ao vivo, no ano de 2023 foi do cantor de Raí Saia Rodada, cujo cachê pode chegar a 400 mil reais por apresentação. 

Até o ano de 2010, Cavalcante nunca havia trabalhado na área de mineração. Ele era envolvido com corridas de motocross e comemorações no modesto quintal da casa em que vivia, em Arapiraca, no agreste alagoano. Ele também já trabalhou como professor de matemática na cidade de Teotônio Vilela e na área de telecomunicações em Arapiraca. 

No ano de 2023, ele chamou atenção dos holofotes após participar do Leilão promovido pelo jogador Neymar Jr. Na ocasião, ele comprou um blazer e um cordão de diamantes utilizados pelo craque do Santos pelo valor de R$1.2 milhão, o maior lote do evento.

Como funcionava o esquema?

De acordo com as investigações, o grupo teria corrompido servidores públicos em diversos órgãos estaduais e federais de fiscalização e controle na área ambiental e de mineração, com a finalidade de obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas.

Essas autorizações eram utilizadas para usurpar e explorar irregularmente minério de ferro em larga escala, incluindo locais tombados e próximos a áreas de preservação, com graves consequências ambientais e elevado risco de desastres sociais e humanos, segundo aponta a PF. 

A organização criminosa teria atuado para neutralizar a ação do Estado, dificultando as investigações e monitorando autoridades. Além disso, utilizou diversas maneiras para lavar o dinheiro obtido com as práticas ilícitas.

*Estagiário sob supervisão

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