Lojistas da Americanas dobram preço para não vender na rede; um notebook chega a R$ 40 mil

Publicado em 20/01/2023, às 09h51
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Por Valor Econômico

Lojistas da Americanas começaram, desde ontem, a aumentar consideravelmente os seus preços nos sites da empresa para tentar impedir uma venda maior e ficar com recebíveis de cartões presos na companhia. A expectativa de pedido de recuperação judicial (RJ), hoje confirmada com a entrada dos documentos na Justiça, levou a esse movimento.

O Valor identificou essas mudanças após alterações em ofertas de produtos (como eletrônicos), cruzadas com informações dos próprios vendedores confirmando a decisão em grupos de mensagens voltados para discutir a crise na empresa.

O que pode parecer um contrasenso é reflexo da decisão de a empresa informar, antecipadamente, que analisava dar entrada em pedido de recuperação judicial, “nos próximos dias ou horas" —, após mencionar as ações dos bancos, na Justiça, buscando reter ou capturar recursos do caixa da rede.

Normalmente, as companhias não avisam de forma antecipada ao mercado que pretendem entrar com pedido de recuperação judicial, até para evitar reações deste tipo. Mas como a situação da empresa se deteriorou rapidamente nas últimas horas, a companhia teve que se manifestar publicamente antes de protocolar o pedido.

“Há ‘sellers’ [lojistas] colocando preços absurdos para não vender. Ele não desliga a loja, mas também não corre o risco de vender lá”, diz uma fonte.
Num dos anúncios alterados, há notebooks da Dell, top de linha, no valor de pouco mais de R$ 19,2 mil no site da Americanas, sendo que no KaBuM!, do Magazine Luiza, o mesmo item custa R$ 11,1 mil, afirma uma fonte.

Um segundo lojista, oferece notebooks importados por até R$ 40 mil no “app” da Americanas, sendo que o preço médio dele na Amazon está em R$ 20 mil.

A operação de marketplace da companhia (venda de itens de terceiros) responde por cerca de 65% das vendas totais brutas. O restante refere-se ao estoque próprio.
Em grupos de mensagens instantâneas, a situação é vista também em eletrodomésticos e portáteis. “Meu medo é bloquearem meus créditos e eu não receber com uma recuperação judicial”, disse um lojista de São Paulo, no grupo.

Teoricamente, esses créditos ficam fora de processo de recuperação judicial. Mais recentemente, uma decisão relacionada à recuperação judicial da Livraria Cultura trouxe um alerta ao mercado. Ao analisar um recurso apresentado pela companhia, a Justiça de São Paulo entendeu que a livraria poderia reter parte 

Teoricamente, esses créditos ficam fora de processo de recuperação judicial. Mais recentemente, uma decisão relacionada à recuperação judicial da Livraria Cultura trouxe um alerta ao mercado. Ao analisar um recurso apresentado pela companhia, a Justiça de São Paulo entendeu que a livraria poderia reter parte dos recebíveis de suas vendas com cartões.

Gostou? Compartilhe