Maceió

Maceió é a 4ª capital mais desigual do país

Agência Tatu | 10/12/21 - 12h48

Enquanto em 2019 Maceió ocupava a 19ª posição no ranking de concentração de renda entre os mais ricos, em 2020 a cidade saltou para a 4ª posição entre as capitais mais desiguais. É o que apontam os dados da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE analisados pela Agência Tatu. A capital alagoana fica atrás apenas de Cuiabá (MT), Salvador (BA) e São Paulo(SP). 

Para entender como é distribuída a renda entre os cidadãos, o IBGE dividiu a população em 10 grupos de renda. Essa divisão mostra desde os 10% da população com a menor renda até os 10% com a maior renda. 

O quadro completo mostrado no gráfico representa a soma da renda de todos os maceioenses. Ou seja, cada uma das frações possui a mesma quantidade de pessoas, mas diferentes rendas (que determinam o tamanho de cada retângulo): enquanto os 10% mais ricos detêm quase metade de toda a renda dos moradores da cidade (46%), a parcela dos 10% mais pobres precisa se contentar com apenas 1,2% desta divisão.

Entenda essa divisão em Maceió no gráfico abaixo.

Para exemplificar podemos pensar em uma cidade hipotética com apenas 10 habitantes e a mesma distribuição de renda de Maceió. Caso a renda recebida por todos os 10 habitantes da cidade somassem R$10 mil, os três moradores mais ricos receberiam, respectivamente, R$4.620, R$1.390 e R$950. Na mesma hipótese, os três habitantes mais pobres ganhariam R$120, R$270 e R$360.

A pesquisa do IBGE mostra ainda que ao longo dos anos esse abismo de renda entre os mais ricos e os mais pobres persiste em todos os lugares do país. No entanto, a pandemia aumentou muito essa distância na capital alagoana. 

Em 2019, entre as 27 capitais do país, Maceió era a 19ª com a maior concentração de renda na parcela mais rica da sociedade. Com a chegada da pandemia da Covid-19, a cidade passou a ser a 4ª capital do país em que os 10% mais ricos concentram o maior percentual da renda da população.

O economista Lucas de Barros lembra que a desigualdade e a crise econômica já existiam antes de 2020, mas que foram agravadas pela crise sanitária que surgiu naquele ano. “Houve demora na criação de políticas sociais que garantissem renda à população mais pobre e isso intensificou a desigualdade social que já existia. Podemos ver isso nos dados divulgados pelo IBGE, mas também nos sinais, marquises e bairros pobres da cidade”, comenta.

Para ele, a crise econômica afeta de maneiras diferentes cada classe social. “Os produtores e comerciantes conseguem reajustar os valores de suas mercadorias com maior velocidade. Os que possuem capital (terra, imóveis, ações, etc.), conseguem encontrar mecanismos de defesa da inflação. Enquanto o trabalhador no máximo aguardará pelo reajuste nominal do seu salário (sem ganhos reais) ao virar do ano”, conclui.

Já para o economista Jarpa Ventura de Andrade, as pessoas com maior renda, como empresários e funcionários públicos com maiores salários, possuem maior capacidade de fazer reservas financeiras para poder utilizar nos momentos de crise e assim se proteger melhor contra imprevistos.

Citando um documento publicado pelo Instituto Econômico de Pesquisa Aplicada (IPEA), Andrade lembra que os produtos e serviços consumidos pelos mais ricos e pelos mais pobres também são diferentes ou possuem pesos diferentes na vida das pessoas de diferentes classes sociais. E isso faz com que a inflação atinja mais fortemente as pessoas que já eram mais vulneráveis socialmente. “Enquanto as pessoas com menor poder aquisitivo estão preocupadas com alimentação, higiene pessoal e limpeza. A outra classe está mais preocupada, por exemplo, com as viagens ou com o turismo que deixou de fazer”, diz.

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