Consultar o médico periodicamente é a melhor maneira de diagnosticar a hipertensão arterial (Crédito: Victor Farias* / TNH1)
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde colocam Maceió no quarto lugar das capitais com o maior número de pessoas hipertensas. Cerca de 28% da população adulta da capital vivem com a doença crônica que, caso não seja tratada, pode provocar infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
Em todo o país, a capital alagoana perde apenas para Porto Alegre – RS, Rio de Janeiro – RJ e o vizinho Recife – PE. Em Porto Alegre 29% dos adultos sofrem com a doença, as outras capitais empatam com Maceió, com 28%. Mesmo a última da lista, Palmas – TO, aparece com 15% da população sofrendo com o mal.
Os dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel, de 2014), divulgados pelo Ministério da Saúde em maio deste ano. Para se ter uma noção da gravidade do cenário mostrado pela pesquisa, cerca de 30 milhões dos brasileiros possuem algum grau de hipertensão.
ALERTA: RISCO PARA TODAS AS IDADES
De acordo com a médica cardiologista do Hospital Geral do Estado (HGE), Stella Freire, o quadro é preocupante e requer um pouco mais de atenção dos governos e das pessoas. “O grande problema da hipertensão é que a maioria desses pacientes são assintomáticos, por isso muitos não acreditam que estão doente”, disse.
Os principais fatores que fazem com que a pressão sanguínea aumente são a hereditariedade, a alimentação rica em gordura e sódio, e a idade avançada. A médica Stella Freire adverte que muitas pessoas elencam apenas a ingestão exagerada de sódio (presente no sal de cozinha e alimentos industrializados) como o grande vilão.
“O sal é apenas um dos fatores de risco. Se um indivíduo está inserido em uma família de hipertensos, essa pessoa tem mais chance de manifestar a doença. Agora, além da hereditariedade, se eu sou uma pessoa obesa e não pratico exercícios físicos as chances dobram”, exemplifica.
A cardiologista explica que não existe idade ou uma causa única para a hipertensão. “Em qualquer momento da vida você pode dormir normal e acordar hipertenso. Eu tenho pacientes de 25 anos de idade que já são diagnosticados hipertensos. Tem gente que começa muito cedo”, disse.

Outros fatores para a manifestação da pressão alta são as doenças renais. Freire explica que a ineficiência no trabalho dos rins gera grande concentração de toxinas que deveriam ser eliminadas do corpo. Nesse sentido, o aumento da pressão sanguínea também pode evidenciar outras doenças. Por isso o acompanhamento de um médico é fundamental. A atenção deve ser maior para pessoas idosas, gestantes ou alguém com um quadro de doenças crônicas na família. A pressão deve ser medida com frequência e no mínimo uma vez por ano é preciso fazer exames de rotina.
No caso da hipertensão, por se tratar de uma doença de risco, ela deve ser encarada com seriedade. Segundo a médica cardiologista Stella Freire, medidas acima de 140 por 90 já são consideradas como pressão alta, porém para que a doença seja diagnosticada a medição da pressão sanguínea deve ser feita periodicamente.
“Se uma pessoa mede a pressão e naquele momento constatar que ela está alta, deve-se procurar refazer o procedimento em outro momento para ter certeza. Se os resultados permanecerem altos, é preciso procurar um médico para tratamento imediato”, recomenda a cardiologista.
A médica diz que existem casos de pacientes que não precisam tomar remédio controlado, mas os casos variam. “Alguns indivíduos se tratam reduzindo o sal, se exercitando e perdendo peso, mas se a doença for diagnosticada tardiamente ou em sua fase crônica o paciente irá precisar do medicamento de controle da pressão para resto da vida”, concluiu.

AÇÃO
O grande número de hipertensos tem preocupado o Ministério da Saúde. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o brasileiro consome, em média, 12 gramas de sódio por dia, sendo que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é que o consumo não ultrapasse cinco gramas diárias.
Além da quantidade de mortes, a hipertensão tem pressionado financeiramente o Sistema Único de Saúde (SUS) e os planos de saúde. Uma das ações promovidas para tentar reverter esse quadro foi a instituição do Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados. A meta é retirar mais de 28 mil toneladas de sódio da alimentação dos brasileiros até 2020.
Para atingir a meta, a indústria precisa reduzir a quantidade de sódio da receita de seus produtos. Entre os anos de 2011 e 2014 cerca de 7 mil toneladas de sódio deixaram de ser consumidos. Com isso o Ministério da Saúde pretende diminuir os ricos da hipertensão provocados pelo sódio.
* Estagiário sob supervisão do editor
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