Parentes e amigos do adolescente João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos, morto no ano passado após ser atropelado por Bruno Krupp fazem uma manifestação na manhã desta quinta-feira em Realengo, Zona Oeste do Rio. Eles contestam a decisão do modelo deixar a prisão, após oito meses. Krupp saiu da Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, conhecida como Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na tarde de ontem. A mãe de João Gabriel, Mariana Cardim de Lima, está na Praça dos Cadetes acompanhada por amigos e parentes. Com cartazes, eles pedem que o modelo volte a ficar preso.
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Um grupo, que é contra a soltura de Bruno Krupp, segura cartazes com pedidos de justiça pela morte de João Gabriel. No dia do acidente, o adolescente foi atropelado pelo modelo, que estava em alta velocidade numa motocicleta. Com o impacto, o jovem perdeu uma dar pernas ainda no local e morreu horas depois.
A mãe de João Gabriel, Mariana Cardim, fez um desabafo nas redes sociais após saber que o modelo seria solto: "É com muita tristeza, revolta e indignação que recebi hoje (29/03/2023) a notícia do peso da decisão do STJ que coloca uma pessoa na rua, com a possibilidade de matar novamente outras pessoas. No dia de hoje, a minha dor não tem tamanho, a saudade é inexplicável, continuarei lutando por justiça para que outras mães não passem, não sintam e não sofram o que estou sentindo. Há 8 meses não foi só a vida do meu filho João Gabriel que foi embora, e sim a vida de toda a minha família e a minha, principalmente. Peço a Deus que continue me dando forças para seguir lutando pela condenação de um assassino", escreveu Mariana.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou o pedido da defesa de Bruno Krupp e concedeu o habeas ao modelo, que estava preso preventivamente por atropelar e matar o adolescente na Avenida Lúcio Costa, Barra da Tijuca, no ano passado. Krupp foi acusado de homicídio com dolo eventual. A Justiça do Rio determinou a soltura do modelo na terça-feira.
A decisão é do ministro Rogerio Schietti Cruz, que entende que Krupp é réu primário e portador de bons antecedentes. No documento, ainda aponta não haver “indicação da periculosidade” a justificar a medida cautelar “mais gravosa”. Cruz critica ainda o fato de o modelo responder por homicídio doloso, mas entende que não cabe essa discussão no recurso atual.
Krupp, no entanto, terá que cumprir medidas cautelares, tais quais: entregar o passaporte, comparecer mensalmente em juízo, ter seu direito de dirigir suspenso, além de estar proibido de tentar obter permissão ou habilitação para dirigir e fazer uso de tornozeleira eletrônica.
Ary Bergher, advogado que representa o modelo, comemorou a decisão:
— A brutalidade que fizeram com esse jovem, jamais será reparada! Parabéns ao STJ, por corrigir essa tamanha injustiça! Ainda existem juízes em Berlim — disse.
O modelo Bruno Fernandes Moreira Krupp, de 25 anos, pilotava uma moto no momento em que atingiu o adolescente João Gabriel Cardim. Segundo as investigações da 16ª DP (Barra da Tijuca), ele estaria em alta velocidade. O estudante, que estava com a mãe, Mariana Cardim, foi brutalmente atingido.
O modelo está preso há oito meses pela morte do estudante João Gabriel Cardim Guimarães, em julho do ano passado.
Na delegacia, uma das testemunhas afirmou que ele dirigia a pelo menos 150 quilômetros por hora, acima dos 60 quilômetros por hora permitidos na via. Segundo familiares, o modelo havia saído de casa, um flat também na orla da Barra, para jantar com a namorada, e nega ter ingerido bebida alcoólica. Assim como João Gabriel, o modelo foi levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge e depois encaminhado a uma unidade de saúde particular. Desde 6 de setembro, está preso no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.
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