Mais da metade dos corpos dos 117 suspeitos mortos na megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, já foram identificados. As necropsias são realizadas no Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto, no Centro do Rio. Parte dos cadáveres foi liberada para a retirada pelas famílias. A Polícia Civil não informou, porém, quantos, nem deu detalhes de nomes e idades das vítimas.
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Alguns dos corpos liberados serão levados para Manaus e Belém. Ao UOL, um agente funerário que representa famílias do Complexo da Penha afirmou que fez o traslado de 17 mortos até o momento. Além dos que seguirão para o norte do país, outros mortos serão velados em Irajá e Inhaúma, na zona norte da cidade.
O IML do Rio foi fechado para receber somente os corpos das vítimas da operação. Segundo a PCERJ, todos os outros corpos que precisarem passar por necropsia no Rio serão levados para o IML de Niterói.
Até o início da noite de quarta, seis haviam sido liberados, segundo a Defensoria Pública. Ontem, familiares estiveram no local para buscar informações e realizar reconhecimento das vítimas. Parentes precisam se cadastrar antes de serem autorizadas a fazer o reconhecimento. O cadastro é feito no Detran do Rio, localizado ao lado do necrotério, antes do reconhecimento oficial.
O IML é o órgão técnico responsável por analisar todos os cadáveres da operação. A partir da análise, elabora laudos detalhando o estado dos corpos e possíveis causas das mortes.
A contagem oficial de corpos só foi atualizada após moradores de comunidades afetadas recuperarem e enfileirarem os corpos nas ruas. O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que ainda não há um balanço definitivo de mortos, pois o número oficial só é contabilizado quando os corpos dão entrada no Instituto Médico-Legal (IML) ou em hospitais públicos, o que pode ainda não ter ocorrido em alguns casos.
Operação mais letal da história
A operação deixou 121 mortos e prendeu 113 pessoas, segundo balanço divulgado pela polícia. Entre as vítimas há quatro policiais. Esta se tornou a ação policial mais letal da história do Brasil, ultrapassando o massacre do Carandiru, que deixou 111 presos mortos.
Ao menos 70 corpos foram recuperados por moradores no Complexo da Penha, na Zona Norte, entre a noite de terça e a manhã de quarta-feira. Eles alegaram que tentaram ir até a região do confronto ontem, mas que foram impedidos pela polícia. No local, a reportagem encontrou marcas de sangue, estojos de balas disparadas, objetos pessoais, como uma capa de celular, e uma camisa de time com furo de bala.
Os corpos foram estendidos em praça e retirados por rabecões da Defesa Civil dirigidos por bombeiros militares. A equipe do UOL não presenciou nenhum policial no local durante a remoção dos mortos na manhã de hoje.
A Polícia Civil abriu inquérito e vai investigar quem tirou os corpos da mata. As pessoas serão investigadas por fraude processual por terem, supostamente, retirado as vestes dos mortos que estavam com roupas camufladas, informou o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Felipe Curi.
A ação mobilizou 2.500 agentes para cumprir mandados de busca e apreensão em localidades da capital fluminense. A ação é resultado de um ano de investigação envolvendo, também, o Ministério Público do Rio de Janeiro e busca desarticular lideranças do CV.
Recompensa por líder do CV
O líder do Comando Vermelho na Vila Cruzeiro tem perfil violento. Edgard Alves de Andrade, o Doca, atrai apoio de aliados de outras regiões, explicam especialistas em segurança pública.
O Disque Denúncia do Rio oferece recompensa de R$ 100 mil por informações que levem a polícia a capturá-lo. Doca é investigado por mais de cem homicídios, apontado como o mandante do assassinato de três médicos na Barra da Tijuca, investigado pelo desaparecimento de três meninos em Belford Roxo e tentativa de sequestro do helicóptero do piloto Adonis Lopes.
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