Mais de 80% dos pais querem vacinar filhos contra Covid-19, diz Fiocruz

Publicado em 24/12/2021, às 09h08
Imagem Mais de 80% dos pais querem vacinar filhos contra Covid-19, diz Fiocruz

Por CNN Brasil

Resultados preliminares de uma pesquisa da Fiocruz mostram que mais de 80% dos pais querem vacinar os filhos contra a Covid-19.

Pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) tabulam mais de 15 mil formulários colhidos pela internet para entender qual é a percepção sobre a imunização infantil.

Já entre os que hesitam, o maior índice – 16% – foi observado entre os pais de crianças de zero a quatro anos, grupo que ainda não tem a vacina aprovada.

No grupo com filhos entre 5 e 11 anos, a taxa é de 12%. Ela sobe para 14% entre os responsáveis por adolescentes acima dos 12 anos, que já têm imunizantes disponíveis nos postos de saúde.

Os entrevistados responderam à pergunta: uma vez aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), qual é a chance de você vacinar seu filho? As respostas “nada provável”, “pouco provável” e “não sei” foram consideradas como hesitação.

Essas são as estimativas iniciais da pesquisa batizada como “VacinaKids”. Os dados seguem em análise e o resultado final deve ser divulgado em breve.

A coordenadora do estudo, a médica Daniella Moore, aponta que a resistência na imunização infantil mostra ligação com informações equivocadas sobre a vacina, várias delas fake news disseminadas nas redes sociais.

“Ao contrário de outros países, em que as pessoas não se vacinam porque não querem, no Brasil, a grande maioria quer a vacina, acredita na ciência, tem uma relação de confiança com o Programa Nacional de Imunizações. A gente viu que os motivos que as pessoas estão hesitando têm alguns eixos principais que podem ser esclarecidos”, avalia.

Fake news afetam percepção dos pais sobre vacina - Os resultados preliminares do estudo apontam que uma das preocupações elencadas é que as vacinas seriam experimentais. A médica Daniela Moore esclarece que os imunizantes são usados em adultos desde dezembro do ano passado e também já passaram pela fase de testes em crianças, com milhões delas vacinadas no mundo, sem efeitos adversos graves.

A pesquisadora do IFF/Fiocruz lembra que a Anvisa só aprovou o uso pediátrico após uma extensa análise de documentação. A dose infantil é diferente da usada em adultos e inclusive ganha uma embalagem diferenciada para evitar qualquer troca.

Outro ponto de hesitação apontado pelos pais é que a vacina de RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer, poderia trazer mudanças ao DNA humano. Daniella Moore alerta que isso é impossível. Ela explica que a vacina tem apenas o papel de treinar o sistema imunológico para combater o coronavírus.

Um terceiro fator de hesitação é o fato de crianças apresentarem casos mais leves de Covid-19. “Realmente, as crianças têm quadros mais leves em comparação com adultos, mas não quer dizer que as crianças não adoeçam. […] A gente protegeu muito as crianças, que ficaram em um lockdown muito grande, mas depois de dois anos de pandemia, as pessoas precisam sair por causa da saúde mental, economia. Como o pai pode estar vacinado, se expondo e não proteger o filho? É uma situação que ninguém quer passar, a dor que as famílias que perderam crianças tiveram que passar”, ressalta Daniella Moore.

Dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde mostram que o Brasil registrou, desde o início da pandemia até 29 de novembro desse ano, 1.397 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave de crianças e adolescentes infectados pelo coronavírus e 85  por Síndrome Inflamatória Multissistêmica Associada à Covid-19.

Fiocruz alerta para urgência da vacinação de crianças e adolescentes - Apesar da autorização da Anvisa, o Ministério da Saúde ainda não decidiu sobre a vacinação das crianças e adolescentes e abriu uma consulta pública sobre o tema, que segue até o dia 2 de janeiro. Já no dia 4, haverá uma audiência pública.

As Sociedades Brasileiras de Imunizações, Pediatria e Infectologia defendem a imunização da faixa etária entre 5 e 11 anos, assim como a Fiocruz. A fundação divulgou um estudo que traz a aplicação das doses nas crianças como estratégia necessária para aumentar a cobertura vacinal no país.

Para Daniela Moore, que coordena a pesquisa sobre a percepção dos pais, é preciso celeridade. “É estimado que 17% da população brasileira esteja abaixo dos 12 anos. É muita gente pra dar conta de uma hora pra outra. Estamos em um momento muito interessante no Brasil. Com a vacinação, conseguimos entrar em uma curva descendente, momento favorável para vacinar”, defende.

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