Mais uma família acusa policiais de matar jovem em abordagem

Publicado em 01/04/2016, às 20h05

Por Redação

Após caso envolvendo a morte dos dois irmãos durante abordagem policial, no último dia 25 de março, no Conjunto Village Campestre, parte alta de Maceió, o portal TNH1 recebeu denúncia de uma nova família, a do jovem Rafael da Conceição que também morreu durante abordagem policial, na noite da última quarta-feira (30), em Chã do Pilar, a 40 km de Maceió.

A família contesta a versão da polícia de que Rafael fazia parte de uma quadrilha de tráfico de drogas responsável pela autoria de uma série de homicídios no município de Pilar, região metropolitana de Maceió.

De acordo com a mãe de Rafael, Míriam da Conceição, o filho que tinha 22 anos de idade estava reunido com amigos quando a guarnição policial apareceu procurando um homem chamado Thales. A família diz que no momento da ação da polícia surgiu um comentário de que Rafael era Thales - o homem procurado pelos policiais e que em seguida foi colocado em uma viatura.

Ainda de acordo com a mãe, Rafael negou que seria a pessoa que os policiais procuravam e teria pedido para que a família fosse comunicada.

Também na noite de quarta-feira (30), quando foi realizada a abordagem policial, os familiares ficaram sabendo sobre a situação, mas na manhã do dia seguinte, receberam a informação de que o corpo de Rafael da Conceição se encontrava na sede do Instituto Médico Legal (IML).

 “Eles foram atrás de um suposto Thales e, no lugar, levaram meu filho. Agora só resta a dor da perda porque meu Rafael não está mais comigo”, lamentou Míriam Conceição.

Segundo João Luís, advogado da família, Rafael da Conceição já tinha um processo criminal na Justiça por ter cometido furto no ano de 2015. Ainda de acordo com o advogado, por causa desse processo, Rafael foi preso, condenado, mas respondia em liberdade – regime semiaberto, e era réu primário.

De acordo com informações policiais, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, em parceria com o delegado de Pilar José Carlos, conseguiu chegar aos integrantes de uma quadrilha, na noite de quarta-feira (30), na qual um dos componentes foi identificado como Thales de Souza que, segundo os policiais, tinha identidade falsa e se chamava Rafael da Conceição. A polícia disse que “Thales” agiu, trocou tiros com a guarnição do Bope e acabou falecendo.

“O grupo aterrorizava a população local, e a desarticulação dessa quadrilha é um grande golpe para a bandidagem. Eles são responsáveis por mais de dez homicídios na cidade, incluindo as duas últimas ocorrências deste tipo. Também apreendemos as armas e roupas usadas pelos criminosos, evidenciando a autoria do crime”, contou o Delegado José Carlos durante coletiva realizada na manhã de ontem (31), no auditório da sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP/AL), Centro de Maceió.

Durante a mesma ação da polícia foram presos os jovens Humberto da Silva, conhecido como "Gordinho" e Agenor da Silva Filho, que tinha o apelido de "Pato", ambos com 21 anos de idade. Os menores apreendidos foram identificados pelas iniciais D. D. S. S, de 16 anos e J. D. S. L, de 17 anos.

Na casa dos envolvidos, os agentes de segurança encontraram 275 bombinhas de maconha, 74 pedras de crack, duas armas de fogo, munições de uso restrito, uma moto e um carro roubado no bairro da Ponta Verde, em Maceió, no último dia 14.

“Não tenho conhecimento de que meu filho portava arma e nem de que andava com pessoas perigosas, mas por mais que Rafael tivesse feito alguma coisa errada, era para prendê-lo e não matá-lo”, disse indignada a mãe, Míriam da Conceição.

A família vai procurar a ajuda do Ministério Público Estadual, na próxima segunda-feira (04), para que o órgão investigue se de fato houve ou não confronto de Rafael da Conceição com os policiais.

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