'Mataram meu pai e jogaram num canavial para bichos comerem': diz filho de corretor morto, em júri de ex-prefeito

Publicado em 26/11/2025, às 13h10
Divulgação / Ministério Público
Divulgação / Ministério Público

Por Gabriel Amorim

O ex-prefeito de Maribondo, Leopoldo Cesar Amorim Pedrosa, é julgado por ter encomendado o assassinato do corretor de imóveis Gerson Gomes Vieira, cujo corpo foi encontrado em um canavial em 2015, após cobranças financeiras não pagas.

Murilo Souto, filho da vítima e testemunha no processo, relatou o medo que seu pai tinha do réu, que possui um histórico criminal que inclui tráfico de drogas e violência doméstica.

O julgamento, que ocorre após uma longa espera de dez anos, é conduzido pela juíza Fabíola Melo.

Resumo gerado por IA

"O que fizeram com meu pai foi uma covardia. Mataram e jogaram em um canavial para os bichos comerem". A declaração é de Murilo Souto, policial penal e filho do corretor de imóveis Gerson Gomes Vieira, assassinado em 2015. O crime é atribuído a Leopoldo Cesar Amorim Pedrosa, ex-prefeito de Maribondo (AL).

Murilo é uma das testemunhas do Tribunal do Júri que acontece nesta quarta-feira (26), no Fórum de Marechal Deodoro, conduzido pela juíza Fabíola Melo.

As investigações apontam que Gerson teria intermediado a venda de um imóvel no valor de R$ 800 mil e cobrado uma comissão de R$ 40 mil, mas não teria recebido o pagamento. Diante das cobranças, Leopoldo teria encomendado a morte do corretor.

O corpo de Gerson foi encontrado dias depois, em estado avançado de decomposição, em um canavial.

"Meu pai estava podre, nem foi possível reconhecê-lo, somente o IML conseguiu. Não tive o direito de olhar para meu pai de novo e me despedir. O caixão teve de ficar fechado. Covarde", disse Murilo, emocionado.

"Há dez anos carregamos essa dor. Um júri postergado, nossa dor aumentando, e os filhos sofrendo. Já era para ter ocorrido [o julgamento]", acrescentou.

Murilo relatou ainda que o pai tinha medo do ex-prefeito, devido ao histórico de agressões à esposa, uso de drogas e prisões anteriores por posse de arma. 

A defesa de Leopoldo tentou impedir que a testemunha mencionasse outros processos do réu, mas o promotor interveio, justificando que Murilo apenas reproduzia fala da vítima.

FILHO RELEMBRA DIA DO CRIME 

Murilo contou que, no dia do desaparecimento, Leopoldo havia marcado um encontro com Gerson para acertar a dívida. Ele relatou que tinha convidado o pai para almoçar.

Momentos depois, ao tentar contato, percebeu que o telefone estava desligado. O corpo só foi encontrado 15 dias depois.

OUTRAS PASSAGENS

Leopoldo possui histórico de passagens policiais. Em dezembro de 2019, foi preso por tráfico de drogas, após ser encontrado com quase 1 kg de cocaína em sua fazenda, durante cumprimento de mandado de prisão por homicídio.

Ele também responde por violência doméstica, cometida em 2017, preso suspeito de agredir a ex-esposa e a ex-sogra, enquadrado pela Lei Maria da Penha. Além disso, já teve registros por dirigir embriagado e portar documentos falsos.

Em fevereiro de 2024, teve nova prisão decretada por descumprimento de medidas judiciais, após violar condições do regime semiaberto durante o Carnaval em Maribondo.

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