Ministério defende uso de larvicida suspeito de ter relação com microcefalia

Publicado em 13/02/2016, às 16h34

Por Redação

Poucos dias depois da publicação de uma "nota de alerta" da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), pedindo a investigação dos efeitos no ser humano do larvicida pyriproxifen, usado no combate ao mosquito Aedes aegypti, o Ministério da Saúde se manifestou defendendo a continuidade do uso da substância.

A Abrasco afirma que o pyroproxifen, altamente tóxico, é muito utilizado em regiões onde ocorre o surto de casos de microcefalia. A substância é aplicada em caixas d"água e pontos de água parada, para exterminar as larvas do mosquito causador da dengue, zika e chikungunya.

Porém, a entidade defende que seus efeitos sejam estudados, para que se comprove se tem ou não relação com a anomalia que registra mais de 5 mil casos no país, desde o ano passado.

No Rio Grande do Sul, a Secretaria de Estado da Saúde já suspendeu a utilização do pyroproxifen.

De acordo com o Ministério da Saúde, não existe nenhum estudo epidemiológico que comprove a associação do uso de pyriproxifen e a microcefalia.

"O Ministério da Saúde somente utiliza larvicidas recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os produtos passam por um rigoroso processo de avaliação da World Health Organization Pesticed Evaluation Scheme (WHOPES)", afirma a nota. 

Ainda conforme o MS, o  pyriproxifen está entre os produtos aprovados por esse comitê e também possui certificação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que avalia a segurança do larvicida no Brasil. 

"Ao contrário da relação entre o vírus Zika e a microcefalia, que já teve sua confirmação atestada em exames que apontaram a presença do vírus em amostras de sangue, tecidos e no líquido amniótico, a associação entre o uso de pyriproxifen e a microcefalia não possui nenhum embasamento cientifico. É importante destacar que algumas localidades que não utilizam o pyriproxifen também tiveram casos de microcefalia notificados".

O Ministério afirma ainda que a Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), como autoridade de saúde local, tem autonomia para utilizar o produto adquirido e distribuído pelo Ministério da Saúde ou desenvolver estratégias alternativas.

"Cabe ressaltar que o Ministério da Saúde somente recomenda a utilização de larvicidas em situações especiais, onde há necessidade de armazenamento de água e os depósitos não podem ser protegidos fisicamente".

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