Mitos e verdades sobre o síndico profissional

A figura do síndico profissional tem ganhado espaço nos condomínios. Ainda assim, muitas dúvidas, e incertezas ainda cercam esse modelo de gestão. Afinal, ele substitui o síndico morador? É mais caro? Pode tomar decisões sozinho? 

Para esclarecer o que é mito e o que é verdade, conversamos com um especialista no assunto, que atua como síndico profissional há 20 anos.

Formado em direito, Felipe Barbosa conhece de perto os desafios, responsabilidades e vantagens desse papel fundamental para o bom funcionamento de um condomínio.

Nesta entrevista, ele responde às principais dúvidas sobre o síndico profissional, desmistificando esse profissional cada vez mais requisitado no mercado. Confira:

“Síndico profissional é só para condomínios grandes.” Esse é um mito muito comum. Na prática, quais tipos de condomínio realmente se beneficiam com esse modelo de gestão?

Apesar da crença recorrente, condomínios médios e pequenos também podem se beneficiar desse modelo, especialmente quando enfrentam desafios de gestão, falta de tempo ou de experiência dos moradores para lidar com as responsabilidades administrativas e legais. O síndico profissional traz organização, conhecimento técnico e imparcialidade, independentemente do tamanho do condomínio.

Além disso, uma das maiores vantagens do síndico profissional é a imparcialidade. Ao contrário do síndico orgânico, que muitas vezes está envolvido nas questões, amizades e eventuais conflitos entre os moradores, o profissional atua de forma neutra e equidistante, priorizando o interesse coletivo. Essa isenção é difícil de ser alcançada por alguém que reside no condomínio, pois laços pessoais podem influenciar decisões delicadas, independentemente do porte do prédio.

Algumas pessoas acreditam que o síndico profissional tira o poder dos moradores. Como funciona, de fato, a relação entre o síndico e os condôminos? Ele tem total autonomia nas decisões?

O síndico profissional atua como representante legal do condomínio, mas as decisões mais importantes continuam sendo tomadas em conjunto com os condôminos, por meio de assembleias. O síndico executa as deliberações coletivas, administra o dia a dia e propõe soluções, mas está sempre sujeito às determinações da convenção condominial e das decisões assembleares. O diálogo, a escuta ativa e a transparência são pilares dessa relação: o síndico profissional tem o dever de prestar contas e manter a comunicação aberta, fortalecendo a participação dos moradores e promovendo uma gestão compartilhada e democrática.

Muita gente pensa que o síndico profissional “não aparece no prédio”. Quais são as obrigações e rotinas que um síndico contratado deve cumprir?

O síndico profissional precisa estar presente no cotidiano do condomínio, seja presencialmente ou por meio de uma comunicação eficiente. Suas obrigações incluem visitas regulares ao prédio, acompanhamento de obras, fiscalização de contratos e fornecedores, verificação das condições das áreas comuns, atendimento aos condôminos e resolução de demandas emergenciais. Além disso, o síndico deve garantir o cumprimento das normas internas, supervisionar a equipe de funcionários, controlar receitas e despesas e apresentar relatórios periódicos de prestação de contas. 

Existe também a ideia de que contratar um síndico profissional custa muito mais caro. O investimento compensa? Quais benefícios financeiros e administrativos?

Embora o custo do síndico profissional possa parecer mais alto em um primeiro momento, o investimento geralmente se justifica pelos benefícios gerados. A gestão profissional reduz desperdícios, evita multas e passivos trabalhistas, melhora a negociação com fornecedores e implementa boas práticas administrativas, o que, no médio e longo prazo, contribui para a saúde financeira do condomínio. A transparência na prestação de contas, o planejamento orçamentário e a manutenção preventiva resultam em menos imprevistos e maior valorização dos imóveis. Assim, o síndico profissional traz ganhos tanto administrativos quanto financeiros, tornando o investimento vantajoso para o coletivo.

O que um condomínio precisa avaliar antes de contratar um síndico profissional? Quais certificações ou experiências são importantes nessa escolha?

Antes de contratar um síndico profissional, o condomínio deve analisar a experiência prévia do candidato em gestão condominial, seu conhecimento das legislações pertinentes (Código Civil, normas da ABNT, legislação trabalhista, entre outras) e sua habilidade em mediação de conflitos. Certificações específicas, como cursos reconhecidos por associações do setor, são um diferencial, assim como referências e histórico de atuação ética e transparente. É fundamental, ainda, alinhar expectativas quanto à comunicação, presença e prestação de contas para garantir uma relação de confiança e efetividade na gestão.