O coroinha Kauê Leônidas, de 18 anos, foi morto por esganadura durante uma festa de aniversário no bairro de Ipioca, em Maceió. A conclusão é da Polícia Civil, que aponta como autor do crime o padrasto de uma das aniversariantes, um homem de 33 anos com histórico de agressividade e uso de drogas.
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O suspeito, que já tem passagem por crime de desobediência, encontra-se atualmente no sistema prisional por uma tentativa de homicídio registrada no final de abril deste ano, quando esfaqueou um vizinho pelas costas.
Segundo a delegada Tacyane Ribeiro, responsável pelo caso, Kauê foi convidado para a festa por uma colega de escola e era conhecido apenas por ela. Durante a noite, houve consumo de bebidas alcoólicas e, em determinado momento, ele ficou embriagado e foi colocado para descansar na 'suíte 3' do imóvel, por volta de 1h55 da madrugada. Entre 2h30 e 2h50, uma discussão generalizada levou ao fim da festa e parte dos convidados deixou o local. Entre os que permaneceram estava o suspeito, padrasto de uma das aniversariantes.
"O esvaziamento coincide com a estimativa de tempo que o médico legista apontou como o horário provável do óbito de Kauê, entre 3h e 4h da manhã. Após depoimentos e denúncias anônimas, conseguimos descobrir que o indiciado, o padrasto de uma das aniversariantes, consumia cocaína no banheiro da suíte 3. Ele tem problemas com drogas, com surtos, e estava bastante agressivo na festa e provavelmente não gostou do relacionamento da Lauana [aniversariante] com o Kauê", disse.
Ainda de acordo com a investigação, o possível incômodo do suspeito com o relacionamento entre Kauê e a aniversariante pode ter motivado o crime. "A gente acredita que um dos motivos seria o uso da droga potencializado pelo incômodo da relação de Kauê com a aniversariante. Também há a possibilidade de que o indiciado tenha se incomodado de um momento da festa em que Kauê tenha olhado para ele, durante o momento em que ele servia uma dose de bebida", detalhou a delegada.
O homem negou envolvimento, disse não usar drogas e afirmou que Kauê teria sido visto com outro homem no banheiro da suíte, mesmo já embriagado, o que foi descartado com base no laudo toxicológico da vítima. "É impossível que ele tenha se levantado sozinho. É um indivíduo dissimulado e agressivo", declarou Tacyane Ribeiro.
A perita criminal Camila Valença Lins explicou que a cena do crime sofreu interferência antes da chegada da polícia, o que dificultou parte do trabalho técnico.
"Ela [a investigação] teve um início prejudicado, não por uma má-fé ou alguma coisa do tipo. As pessoas que estavam presentes nessa casa ao verem a vítima imóvel, espumando, prestaram socorro. Então a vítima foi removida do local do crime, teve esse prejuízo da remoção do cadáver e também as pessoas que ficaram [na casa] tinham que entregar a casa que era alugada, então limparam, organizaram. Teve esse prejuízo, não teve uma equipe de local de crime", complementou.
O caso
Kauê, que era coroinha na Paróquia Nossa Senhora do Ó, no bairro de Ipioca, em Maceió, morreu em dezembro de 2024. Inicialmente, a morte foi atribuída a um mal súbito ocorrido durante uma festa com amigos em Paripueira. A história, no entanto, ganhou outro rumo e começou a ser contestada após a divulgação do laudo do Instituto Médico Legal (IML), que apontou a causa da morte como asfixia por esganadura, configurando homicídio.
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