Braços e tornozelo enfaixados, olhar cabisbaixo e saúde mental abalada. O motorista de transporte por aplicativo Josivaldo dos Santos, que teve o corpo queimado durante sequestro, viveu minutos aterrorizantes no último sábado (12) quando foi rendido por criminosos no bairro Benedito Bentes, em Maceió. Ele foi levado a um canavial e conseguiu escapar dos bandidos, mas o crime deixou as marcas de queimaduras. Nesta segunda-feira (14), ainda com os ferimentos visíveis, o motorista concedeu entrevista ao programa Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara, e deu detalhes do caso.
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Josivaldo contou que havia ido olhar um terreno no Conjunto Aprígio Vilela e quando parou o veículo para ligar o aplicativo para começar a trabalhar foi surpreendido pelos sequestradores. "Eu parei o carro para ligar o aplicativo, mexer no celular e responder as mensagens. Olhei no retrovisor, vinham esses três caras, mas não suspeitei de nada. Continuei mexendo. Eles igualaram com o carro e deram voz de assalto", iniciou.

"Eu escondi o celular e abri a porta devagarinho. Saí, coloquei as mãos pra cima, pedi pra levar apenas o carro, mas outro [sequestrador] veio por trás e me jogou para dentro. Eu fiquei no meio, atrás, e um do lado e outro do outro. Um tirou a camisa e me vendou. Aí foi Deus na causa", continuou a vítima.
Ainda segundo Josivaldo, os sequestradores fizeram uma parada de 3 a 5 minutos durante o percurso, porém ele não conseguiu identificar o local. Depois desse tempo, os criminosos seguiram novamente com o veículo da vítima. "Eu pedi para me deixar e levar só o carro, mas não teve conversa. Aí me levaram para um canavial. Num momento, deu pra perceber que o carro atolou e eles desceram. Aí foi a hora que tiraram a venda do meu rosto e jogaram o produto inflamável em mim", explicou.
Josivaldo fez um movimento brusco para conseguir se desvencilhar do trio armado, momento em que foi atingido pelo fogo. "Um jogou o produto que pegou na perna, foi quando consegui me livrar, mas um outro jogou o fogo. Eu já saí pegando fogo, mas graças a Deus consegui sair da situação. Estou aqui por um milagre", relembrou com tristeza.
"Eu sei que a recuperação física vai ser lenta, mas o momento agora é o meu psicológico. Estou abalado, não consegui dormir mais. Toda ajuda é bem-vinda. Tem algumas pessoas, em especial um outro motorista de aplicativo que está me dando uma força", disse o homem que também trabalha em construção civil.
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