Sydney Dienner deveria acordar cedo para ir a Nova York participar de um chá de panela. Mas o que a tirou da cama foi uma dor excruciante na barriga, que estava prestes a mudar sua vida para sempre. Naquele momento, a americana de Lancaster, Pensilvânia, presumiu que só precisava ir ao banheiro. No entanto, ela contou à Newsweek que a "dor persistia" e começou a se perguntar se poderia ter um bloqueio intestinal, tamanha a intensidade da sensação.
"Acordei meu marido e disse que havia algo errado e que precisávamos ir ao hospital", disse Dienner, de 30 anos. "Enquanto ele se levantava e começava a se arrumar e a arrumar nosso filho, voltei ao banheiro para tentar aliviar um pouco a dor." Foi então que algo inesperado aconteceu. "Quando me sentei no vaso sanitário, meu corpo empurrou e algo jorrou de mim. Fiquei com tanto medo que pensei que estava morrendo."
Naquele instante, ela sentiu uma dor aguda nas costas e buscou uma posição mais confortável no chão. Para seu choque absoluto, a cabeça de um bebê emergiu. Dienner não fazia ideia de que estava grávida — e, de repente, dava à luz seu segundo filho sozinha, no banheiro de casa. Enquanto o marido, Dwylan, ligava para a emergência em outro cômodo, ela gritou "tem um bebê" — e ele correu para ajudá-la.
"Antes de vê-la, eu não tinha ideia do que estava acontecendo. Foi a coisa mais assustadora pela qual já passei", contou. Quando o marido entrou no quarto, o bebê já havia nascido em segurança. O atendente do 911 permaneceu na linha e orientou o casal até a chegada da ambulância. "É engraçado porque eu deveria estar indo para Nova York com minha mãe naquele momento", disse Dienner. "Foi muito difícil ligar para minha mãe da ambulância para dizer que eu iria para o hospital e que tinha acabado de dar à luz", conta.
Gravidez enigmática
"Quando chegamos ao hospital, descobrimos que eu e o bebê estávamos completamente saudáveis. Não houve complicações no parto nem na gravidez. Que milagre", relatou. A Associação Americana de Gravidez estima que 1 em cada 475 gestações pode passar despercebida até cerca de 20 semanas, enquanto uma em cada 2.500 só é reconhecida no início do trabalho de parto. Essas gestações são chamadas de ocultas ou enigmáticas.
Como muitas vezes os sintomas (fadiga, náusea) podem ser confundidos com outras condições, a gravidez pode não ser percebida. A filha de Dienner, batizada de Willow, é hoje "a alegria em pessoa". A família criou inúmeras memórias felizes, mas a mãe confessa que a experiência do parto foi um "evento terrivelmente traumático".
Na época, sem imaginar que estava grávida, muito menos em trabalho de parto, ela acreditava que estava morrendo. Hoje, ao refletir, sente-se profundamente grata pelo desfecho. Ainda assim, relembra que repassou aqueles nove meses várias vezes em busca de algum sinal de gravidez — sem encontrar nenhum. Curiosamente, quando esperava o primogênito, descobriu a gestação apenas no sexto mês; já no terceiro filho, soube logo no início.
Depois do nascimento de Willow, Dienner enfrentou depressão pós-parto. "Eu sofria de depressão pós-parto e, na época em que fui diagnosticada, seria considerada maníaca. Sofri em silêncio por muito tempo, porque me sentia muito culpada pelo fato de o nascimento da minha filha ter provocado emoções negativas", disse à Newsweek. "Eu sentia que simplesmente precisava ser alegre e grata. Embora eu fosse tudo isso, gostaria de me sentir mais à vontade para contar a alguém o que eu estava passando. Saúde mental é algo muito sério, e eu gostaria que mais mães soubessem que admitir que você está em uma situação ruim não faz de você uma mãe ruim."
História viralizou
Sem conhecer outras mulheres que tivessem passado por uma gravidez enigmática, ela acreditava que ninguém conseguiria se identificar com sua experiência. Mas, após ver uma tendência no TikTok, decidiu compartilhar sua história (@sydneydienner). O relato viralizou, somando 156 mil visualizações e 9,1 mil curtidas, e trouxe um alívio inesperado. Ela contou ter sido "revigorante" conectar-se com outras mães que entenderam o que passou. "É legal compartilhar sobre gestações enigmáticas e criar a oportunidade de falar sobre a importância da defesa da saúde mental na maternidade."
"Sou profundamente grata pela minha menina, mas gostaria de ter sabido (mesmo que um pouco antes) que ela viria. Quero dar glória a Deus. Ele protegeu a mim e à minha filha em cada passo do caminho, e passarei todos os meus dias louvando a Jesus por isso." O caso, que surpreendeu até mesmo os médicos pela ausência de sintomas durante a gestação, aconteceu em 20 de julho de 2019.
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