Mulher faz denúncia após filho ter infecção com aplicação de vacina em posto de saúde

Publicado em 02/09/2025, às 14h32
Mãe denuncia após filho ter infecção com aplicação de vacina em posto de saúde - Reprodução / TV Pajuçara
Mãe denuncia após filho ter infecção com aplicação de vacina em posto de saúde - Reprodução / TV Pajuçara

Por TNH1 com TV Pajuçara

A mãe de um menino de 1 ano e 8 meses registrou boletim de ocorrência após ver o filho com infecção ter ficado com infecção e abscesso depois de tomar vacinas meningocócica e pneumocócica na unidade de saúde João Paulo II, no Jacintinho, em Maceió. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 2, no Fique Alerta.

Após tomar as vacinas no posto de saúde, a criança ficou com o braço roxo e teve febre. O menino precisou ser internado e a situação evoluiu para infecção.

"Fui dar vacina no meu filho no dia 26/08. Ele tomou a vacina, depois de 48h, começou a sentir febre, não estava querendo comer. A médica constatou que ele estava com abscesso no braço. A médica falou que poderia ser por conta da vacina. Aí eu me pergunto: será que a enfermeira que aplicou a injeção nele, será que ela higienizou as mãos? A gente não pode tocar no braço do meu filho, porque ele chora e grita de dor", reclamou Carolyne do Santos, mãe do menino.

A família levou então o menino para um hospital particular e posteriormente fez o boletim de ocorrência no 9º Distrito Policial.

"Disseram pra mim que foi a reação da vacina. O que eles dizem é que é reação da vacina. Estou sofrendo muito com isso".

A Secretaria de Saúde de Maceió (SMS) informou que procedeu com a notificação do Evento Supostamente Atribuído a Vacinação - ESAVI, imediatamente após tomar conhecimento da situação, para dar início à investigação com a coleta de informações relacionadas ao caso, em conjunto com o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) do Estado e com o setor de Vigilância do hospital que presta atendimento à criança.

"No momento, a SMS aguarda a análise dos exames realizados e verificação das informações, para que sejam definidas, também de forma compartilhada, as medidas a serem adotadas no caso, garantindo a manutenção da assistência adequada à criança".


VACINA É SEGURA E EFEITO COLATERAL É NORMAL, DESTACA PEDIATRA

Ao Fique Alerta, o médico pediatra Marcos Gonçalves explicou de maneira simples como funciona a aplicação do imunizante.

"A gente sabe que as vacinas protegem e ajudam, mas também causam efeitos colaterais. O que a gente faz numa vacina? Pega um pedacinho daquele vírus, um pedacinho daquela bactéria, e isso é aplicado no paciente. Ao invés da bactéria em si fazer a doença por completo, ela faz uma reação imunológica local. Então, de vez em quando, o paciente pode ter algumas reações como febre, é muito comum apresentar um endurecimento no local da aplicação. Pode ficar vermelho, pode aumentar ali, até a temperatura do local ficar aumentada e avermelhada. É uma das reações mais comuns que acontecem".

"Neste caso, a criança, pelo que eu soube, tomou a vacina meningocócica e pneumocócica. Essas duas são as vacinas que fazem uma reação imunológica muito forte, principalmente no local. Então, esse tipo de reação de ficar vermelho no local, pode acontecer. Essa reação vermelha simples, dura um ou dois dias, assim como a febre, isso é normal e esperado. O que acontece é que, em alguns casos, isso pode progredir, pode ficar mais intenso, a febre pode continuar. Todos esses casos que fogem daquele período simples das primeiras 48h de vermelhidão, febre e dor no local, passou disso, é preciso uma avaliação. Porque, mais raramente, pode acontecer caso de abscesso, de infecção localizada, aí é preciso investigar", complementou o médico.

Segundo o dr. Marcos Gonçalves, algumas substâncias dentro da vacina ajudam a explicar efeitos prolongados em certas pessoas.

"Tem algumas substâncias dentro da vacina, como hidróxido de alumínio, que podem causar um abscesso. Isso é a exceção da exceção, mas que de vez em quando a gente vê acontecer. É um abscesso que chamamos de estéreo na maioria das vezes, não tem uma bactéria ou um vírus causando aquele abscesso ali, é o próprio hidróxido de alumínio em uma reação que se faz em volta dele e pode fazer esse tipo de abscesso. Não acontece com frequência. Mais raro ainda é o abscesso causado pela própria bactéria que você está aplicando ali".

"A gente investiga todos esses casos, os casos são notificados. São notificações obrigatórias. Qualquer efeito adverso de vacina que foge do esperado, tem que ser notificado para a gente ir atrás e ver o que aconteceu. Se era algo do lote da vacina, alguma coisa da aplicação. Tudo agora vai ser investigado para saber a origem do por quê aconteceu isso com a criança".

O médico esclareceu também se é obrigatório o uso do álcool no momento da aplicação da vacina.

"É uma pergunta muito simples e todo mundo fala: 'Ah, a enfermeira aplicou a vacina e não passou o álcool'. O álcool não é obrigatório. O procedimento da aplicação de vacinas e medicamentos já é um procedimento que chamamos de esterilizado. É uma agulha nova totalmente esterilizada, a vacina é simples, você pega uma dose daquela do frasquinho, que já é jogado fora. Então, não tem como ter uma infecção ali. A recomendação do Ministério da Saúde, da Organização Mundial de Saúde, é que essa aplicação seja feita sem álcool mesmo, não é obrigatório. A gente usa um algodão seco mesmo, só para dar uma limpeza da pele simples para aplicar a vacina".

"Quando a criança chega com alguma sujidade no local da aplicação, a pele está oleosa, está com alguma sujeira ou suor, aí sim você pode utilizar o álcool, mas mesmo assim não é um procedimento obrigatório. Na maioria das vezes, todas essas coisas que acontecem de vermelhidão, abcesso, não tem relação nenhuma com a técnica de limpeza do local, é mais com a técnica de aplicação. Aí tem outros problemas envolvidos".

Gonçalves ressaltou ainda que os benefícios das vacinas são muito superiores a qualquer desses tipos de efeitos colaterais.

"O efeito benéfico da vacina suplanta qualquer tipo de efeito colateral que a vacina possa dar. Uma vermelhidão no local, uma febrezinha, o incômodo de tomar uma picada no local ali, isso tudo é muito pequeno com o efeito benéfico que a vacina pode tomar. Neste caso da vacina de meningite, que é o que mais estamos tendo aqui em Alagoas, casos de meningite, com crianças perdendo a vida, saindo com sequelas, pneumonia, que estamos vendo bastante criança com derrame pleural. Essas vacinas são importantíssimas. Então, tem um vermelhinho no local, é até bom se comparado com internação, entrada em UTI ou até perder a vida de uma criança".

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