Mulher golpeada com carrinho diz que tem medo de andar na rua; agressor não foi preso

Publicado em 27/02/2023, às 09h26
Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Por g1

A cliente de 45 anos que foi golpeada com um carrinho de compras em um supermercado disse que ainda sente dores por conta da agressão, que aconteceu em um supermercado de Santo Antônio do Descoberto, no Entorno do Distrito Federal. A mulher, que preferiu não ser identificada, contou que está com medo de andar na rua e encontrar o agressor, identificado como Rogério Santos, de 36 anos.

“Estou pensando em mudar de cidade por medo dele. Minha vida nunca vai ser a mesma nessa cidade. Moro aqui desde que eu nasci, será que vou ter que sair?”, desabafou.

Ao g1, o homem disse que a cliente do supermercado praticou bullying contra ele e o chamou de "gay". A vítima negou e falou que sequer olhou para o agressor.

O caso aconteceu no dia 16 deste mês, no Atacadão Dia a Dia. Pelas imagens, foi possível ver quando os dois estavam na fila do caixa de pagamento, Rogério se afastou, levantou o item e jogou na cabeça da cliente, que caiu (assista abaixo).

A vítima disse ainda que, além da dor física, o emocional está abalado. "A dor psicológica é muito grande, vou a um psiquiatra por causa de tudo que está acontecendo", falou.

Por que o agressor não foi preso? - De acordo com o delegado Guilherme Rocha, Rogério foi encaminhado à delegacia, que registrou o caso como lesão corporal de natureza leve. Por isso, o agressor foi liberado e assinou um TCO, que é o registro de uma infração de crimes de menor relevância, com pena máxima de até dois anos de prisão ou multa.

Segundo Guilherme Rocha, o relatório médico da vítima constatou lesões superficiais, que não configuraram tentativa de homicídio, mas sim lesão corporal.

“Não há um meio termo entre os dois. A regra no ordenamento jurídico é que a pessoa responda em liberdade. O crime de lesão corporal não permite a representação por prisão preventiva ou concessão de fiança, caso ele assine o TCO. De acordo com a técnica foi dada a autuação para o caso.”, disse.

A vítima procurou o Ministério Público de Goiás (MP-GO), Em nota, o MP-GO informou que, tendo em vista que o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), (veja abaixo o que é TCO) já foi assinado pelo agressor, e audiência marcada para o dia 19 de junho deste ano, o Ministério Público vai analisar o caso nesta data. Segundo o MP, o órgão vai acompanhar o decorrer do caso.

O impacto - O impacto do carrinho de compras que acertou a cabeça de uma mulher de 45 anos pode ser comparado à queda do primeiro andar de um prédio, segundo o doutor em física e professor da Universidade Federal de Goiás Giovanni Piacente.

“Pelo peso dela, é como se ela tivesse caído de 2,5 metros aproximadamente. É como se ela tivesse caído quase do primeiro andar de um prédio”, explicou.

O físico explicou ainda que é como se a vítima tivesse sido atingida por um corpo de 250 kg que andava a uma velocidade de 1 metro por segundo. Giovanni disse que usou o Teorema do Impulso para chegar à estimativa.

Quem é o agressor - De acordo com o delegado Guilherme Rocha, Rogério tem passagem criminal por tentativa de homicídio, no âmbito de violência doméstica.

O g1 localizou pelo menos 7 processos na busca pública do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) em que Rogério é citado. Todos, exceto a agressão contra a cliente do supermercado, são do Juizado de Violência Doméstica ou da Unidade de Processamento Judicial (UPJ) de Família e Sucessões de Luziânia.

Um dos processos é movido pela Justiça Pública contra Rogério, por lesão corporal no âmbito de violência doméstica. Outros cinco foram abertos por uma mesma vítima e pela cliente do supermercado.

O TJ-GO informou que os processos estão em segredo de Justiça, por isso as movimentações, o teor das denúncias e detalhes como possíveis prisões de Rogério não podem ser divulgados. Veja detalhes processos em que o homem é citado.

Relembre - A vítima disse que estava na fila do caixa esperando sua vez para pagar as compras, momento em que pegou o celular para gravar um áudio desmarcando um compromisso com outra pessoa. Enquanto ela usava o celular, Rogério saiu da fila, como mostra o vídeo.

“Sem esboçar nenhuma reação brusca, nem proferir nenhuma palavra, [o agressor] caminhou lentamente para o lado e deduzi que ele ia apenas trocar de carrinho. Momento em que segui gravando o segundo áudio e dei um passo a frente. De repente, sem que eu entendesse o motivo, ele atingiu a minha cabeça”, detalhou.

Abalada com a agressão, a vítima desabafou.

"Ele assumiu o risco de me matar, agindo dolosamente, e, na hora, o mais letal que ele achou por perto foi um carrinho de supermercado. Um carrinho pesado daquele, mais a força que foi lançado, praticamente dobra de peso! Acertou uma região frágil da minha cabeça, as têmporas", finalizou.

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