Brasil

Mulher morre em procedimento para retirada de DIU na Grande BH

O Tempo | 09/11/23 - 22h25
Foto: Reprodução/Freepik

A Polícia Civil (PC) investiga a morte de uma mulher de 32 anos durante procedimento para retirada de um dispositivo intrauterino (DIU), no último sábado (4 de novembro), em uma clínica em Matozinhos, na região metropolitana de Belo Horizonte. O caso foi denunciado as autoridades, nessa quarta-feira (8 de novembro), pelo pai da vítima, que alegou erro médico. 

De acordo com o boletim de ocorrência, o homem contou que no último sábado ele, o genro e a filha foram até a clínica médica para remoção do método contraceptivo, que seria feita por um médico cardiologista. A mulher entrou no consultório por volta das 7h. 

Conforme o relato do homem, passado mais de duas horas a filha ainda não havia retornado. Ele então suspeitou que havia algo errado quando a recepcionista passou com duas bolsas de soro e entrou no consultório. A funcionária retornou, instantes depois, bastante assustada e dispensou os demais pacientes que aguardavam atendimento. O homem então questionou a atendente sobre a filha, mas ela afirmou que não sabia de nada. 

O pai e o marido da vítima permaneceram aguardando pela mulher e notaram um “entra e sai” de dentro da sala de atendimento. Em dado momento, o pai da mulher abordou duas mulheres que saiam do local a respeito da filha. Uma delas disse “a situação dela não está boa não”. 

Segundo o registro policial, tempos depois, uma equipe da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Matozinhos chegou ao local e entrou na sala com um desfibrilador em mãos. Em seguida, eles saíram da sala com a vítima em uma maca e a levaram para a Upa. De acordo com relato do pai, ele notou que a filha estava muito pálida e com os lábios arroxeados. Ele questionou o médico se a filha havia falecido, mas o profissional negou e disse que havia realizado procedimento de ressuscitação por 19 vezes. O médico também impediu que o esposo da vítima a acompanhasse na ambulância. 

O pai da mulher relatou ainda aos policiais que, após a filha ser levada para a UPA, ele e o genro foram até a unidade, mas continuaram sem notícias. Conforme o registro policial, por volta de 14h30, quando um rabecão chegou ao local, o homem questionou o motorista do veículo, que informou que havia sido acionado para retirar o corpo de uma mulher de mesmo nome da filha do denunciante. 

Somente após a informação, o médico responsável pelo procedimento de retirada do DIU, acompanhado de outros profissionais, foi até o homem e o genro e informaram sobre o falecimento da mulher. O pai então exigiu ver o corpo da filha. Segundo o registro policial, ele disse que tocou o corpo dela e notou que já estava com aspecto de rigidez, o que o leva a pensar que ela havia morrido há várias horas.  

O corpo da vítima foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exames de necropsia. Os familiares contaram à polícia que procuraram a clínica onde o procedimento foi feito pedindo esclarecimentos, mas não obtiveram respostas já que o médico não estava na unidade. 

Ainda conforme o boletim de ocorrência, na declaração de óbito não consta as causas da morte. A família aguarda agora o laudo de necropsia. 

A Polícia Civil instaurou inquérito policial para apurar o caso, e aguarda a finalização dos laudos periciais que "subsidiarão as investigações que apuram as causas e as circunstâncias da morte da mulher". 

A Secretaria de Saúde e Vigilância Sanitária de Matozinhos afirmou que a clínica onde o procedimento ocorreu possuiu alvará sanitário e está inserido no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

A reportagem questionou o Conselho Regional de Medicina e aguarda retorno. A equipe também tentou contato com a clínica onde o procedimento foi realizado, mas não obteve retorno. A matéria será atualizada com os posicionamentos.